quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Cartas de Germano Agnelli - Continuação



Itália, 29 de janeiro de 1945.
Meus bons pais.

Recebi a sua carta de 28 de Dezembro. Recebi também a do Lélo. Fiquei muito satisfeito que nem queiras saber.
Gozo muito por saber que todos estão bem. Satisfeito pela chegada do Lélo. Escrevi já a ela e para os manos de Bauru. Contente pois estou em saber que orgulha-se da minha missão. Tenho saudades do pai e da senhora. Iremos fazer um grande pique nique junto com Josefa quando voltar.
Sim. Sua carta muito me confortou. Como me referia-te. Sim Deus está sempre comigo. O que aprendi na infância, aplico-os todos nos frutos de meu trabalho. E de todos eles minha mãe querida devo a senhora. E assim sirvo a minha Pátria querida. Por isso estou aqui. Para defende-la de estranhos. O dever me impôs para que eu partisse, porque a minha Pátria precisava do concurso de meus braços para faze-la respeitada por estranhos. Quero que saiba que quando a morte me ameasse e a glória me sorri, estarás sempre em meu coração e em meus pensamentos.
Sei que sofres a ausência de um filho. Mas é preciso.
Avante! Sempre avante. Esse é o nosso Lema. A Vitória será alcançada, ainda neste ano que entramos.
E seu filho estará de volta para abraça-la. Escreva-me sem que peça para que me escreva.
Envie as minhas notícias aos manos.
Diga a Júlia que não se aflija. Diga a ela que eu gosto desta vida.
Lembranças a ela, abraços ao Osório e beijos nas crianças.
Gostaria de estar aí no casamento da Justina, mas é humanamente impossível. Desejo que ela seja muito feliz.
Lembranças a ela, a Zilda e Maria, juntamente aos noivos. Abraços na Terezinha e Nilton.
Recomendações ao meu bom mano Chiquinho e cunhada. E que espero já que o Antoninho esteja andando.
Diga a Maria tratar bem os compadres e ao afilhado. Faça ele compreender que quando for grande não terá uma nova guerra porque o padrinho está aqui nesta para fazer que seja a última.
A sua carta eu recebi por intermédio do Serviço de Assistência Religiosa.
Mande sempre notícias de todos e do avô.
Findo esta carta enviando a todos que me são caros as minhas saudades.
Com o coração cheio de ternuras peço aos meus bons pais que me abençoem.
Este teu filho que muito vos ama”.

Germano.
Endereço.
3º Sgt. 1G: 77.053 – Germano Agnelli.
402 – F.E.B. - Itália.








Itália 29 de janeiro de 1945.

Bondoso Pai,

Que a paz de Deus reine em vosso coração. Nem queira saber as saudades que sinto do senhor e de minha querida mãe.

Lembro-me sempre das visitas de que me fazias em São Paulo. Dos passeios que fazíamos junto com o China.

Logo voltaremos a estar no mesmo ambiente de antes.

Espero que gozes de boa saúde e que seus negócios sejam bem sucedidos.

Tenho saudades de todos.

Ainda não recebi cartas de Josefa. Quando fores em São Paulo visitar o Lélo, espero que chegue até a casa de Josefa.

Transmita as minhas lembranças a todos os irmãos e irmãs. Um forte abraço na mãe.

Não receies de nada que eu estou bem e gozo de uma boa saúde.

Pai o clima aqui é muito frio. Para se lavar o rosto é preciso aquecer o cantil no fogo, porque ele amanhece com água empedrada. As poças d'água ficam em um puro bloco de gelo. A terra é lamacenta e fria. Chove muito.

Em vez em quando temos muita neve. Mas o brasileiro é forte enfrenta tudo sorrindo.

Para se comer é preciso fazer as refeições as preças porque congela logo a comida. O vento é horrível. A terra amanhece dura como pedra e quando é meio dia começa a formação da lama.

Os riachos começam a ficar que é uma só pedra de gelo, que se pode andar por cima dele. O sol é uma quinta coluna porque ele nem aparece.

Para se fazer um fogo é muito difícil porque a lenha é constantemente úmida.

E assim vamos lutando contra esse segundo inimigo.

A Vitória está prestes a chegar e logo alcançaremos.

Peço não se afligir por mim. Estou bem.

Desejo que animes sempre a mãe. Eu gosto muito desta vida de aventura.

Escreva-me sim.

Queira aceitar um forte abraço deste teu filho que muito te considera e que pede abençoa-lo”.

Germano.
Endereço.
3º Sgt. 1G: 77.053 – Germano Agnelli.
402 – F.E.B. - Itália.



Vejam também neste Blog:


Os Carneiros e a Estrela.

 



quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Cartas de Germano Agnelli



Itália, 15 de janeiro de 1945.
Meus bons pais.
Saudações.

É com grande satisfação e com o coração abordado de saudades, depois de um largo tempo, é que me foi possível acusar por esta o recebimento de sua carta datada de 29 de novembro passado. Não podes calcular quanto por poder daqui desta terra tao distante saber as notícias de todos e da minha sagrada terra.
Há dias que sou tomado pelas saudades, e esses são muito torturosos. Mas mesmo assim, eu e todos os meus companheiros, levaremos a feito, o nosso dever. E em breve alcançaremos a Vitória, para o nosso breve regresso. Aqui eu só peço uma cousa: o conforto de suas cartas. É essa a maior ajuda, que nos pode prestar. Ler uma carta, é ser premiado. A sua primeira carta que recebi, já a sei decór. Releio-a, sempre. Poque assim pareço vê-la e ouví-la. Dá-me a impressão que estou ao seu lado. Deus, em breve em recompensa a esse nosso sacrifício me colocará ao seu lado. Podes estar confiante disto. Os nossos chefes nada nos faz faltar. Temos tido todo conforto físico e moral. Os agasalhos que nos cobrem são o suficente para desafiarmos o frio. Já tive a aventura de receber as primeiras neves. As famílias são muito hospitaleiras, tanto é que já a convite, tive o ensejo de dançar. Aqui cada um em seu trabalho é um soldado que apressa o extermínio do inimigo. Só desejaria uma cousa. Que as saudades se assolasse de mim.

Recebi o telegrama do pai, que muito me alegrou, tanto é que já em resposta enviei um novo telegrama, que quando este chegar já tenhas recebido. Espero que tenhas recebido todas as minhas cartas.
Aqui ainda não recebi nenhuma carta de Josefa, e sinto muitas saudades dela. Transmita as minhas lembranças a ela.
Diga a Zilda e Justina que eu daqui só posso almejar a ambas um brilhante futuro, e completo de felicidades, juntos de seus companheiros que hão de ser em breve e que muito me orgulho de vê-los enfileirados na coluna de cunhados. A minha pessoa nesse dia de enlace não estará presente, mas pode contar com a minha presença espiritual. E um dia terei a grata satisfação de abraçá-los, a todos. Esse dia é esperado.
Transmita a minha boa irmã Julia e família todas as minhas saudades. Recomendações ao Chiquinho, Luzia, Maria e seu noivo. A todas as crianças, Nilton e Terezinha, meus calorosos beijos.




A senhora e ao meu querido pai, aceite a expressão máxima de um amor de filho.
Diga ao avô, que espero resposta de minha carta. Espero mesmo que ele tenha recebido.
A minha preocupação aqui, é a saude de todos os que me são caros.
Termino com o coração voltado para todos.
E o que daqui posso enviar a todos são as minhas preces diárias, são os meus beijos, são as minhas saudades e o meu grande amor que a todos dedico.
E para o amor de um pai e de uma mãe, um filho que aqui transmite um beijo profundo de amor”.

Seu sempre. Germano”.



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Os Carneiros e a Estrela.