Dourado, uma cidade charmosa no coração do Estado de São Paulo, nunca buscou ser um grande centro econômico; e talvez resida aí o seu encanto. Com raízes fincadas na simplicidade e na hospitalidade do interior, moldada por uma mistura rica de culturas, entre mineiros e imigrantes europeus, a cidade preserva até hoje o espírito acolhedor de um lar tranquilo.
Com pouco mais de nove mil habitantes atualmente, Dourado já abrigou quase o dobro disso entre mil e novecentos e mil novecentos e trinta, época de ouro impulsionada pela produção de café e pela Companhia Douradense de Estradas de Ferro. Os apitos da saudosa “Maria Fumaça” ainda ecoam na memória dos que viveram aqueles dias de efervescência e progresso.
Rotatória Trevo de Dourado.Mas foi nas décadas de setenta, oitenta e noventa que a juventude douradense experimentou uma liberdade difícil de traduzir em palavras. Um tempo em que se vivia para fora de casa; de corpo e alma; num ritmo mais leve, mais humano. Uma juventude que encontrou saúde nos movimentos simples: no "footing" ao redor da Praça da Matriz de São João Batista, nas pedaladas despreocupadas, nas conversas sem pressa sob a sombra das árvores, nos encontros reais, feitos olho no olho.
O "footing", ritual encantador daqueles tempos, reunia os jovens ao redor da praça. Os rapazes caminhavam em sentido anti-horário, enquanto as moças circulavam no sentido oposto. Entre olhares tímidos e músicas que ecoavam dos alto-falantes próximos ao relógio da igreja, nascia o romance, a amizade, a vida social de uma geração que valorizava o contato humano.
Festa de São João Batista - Época Atual.A Lanchonete Babalú era ponto certo, mesmo em dias da semana. Um lugar onde a tranquilidade reinava, e o respeito era regra não escrita entre os jovens. Havia companheirismo, havia cumplicidade.
Lanchonete Babalú - anos 70 em Dourado.
Dourado, mesmo pequena, transbordava opções de lazer. A discoteca do senhor Pedro Leite movimentava as noites da juventude na esquina das ruas Dr. Marques Ferreira e Tiradentes — hoje endereço do restaurante La Plaza.
Antiga Discoteca do Sr. Pedro Leite - Hoje Restaurante "La Plaza".No lendário Dourado Clube, bandas e orquestras renomadas se apresentavam em noites memoráveis, carnavais lotados, blocos animados, matinês e fantasias caprichadas. Era o ponto de encontro de gerações e gerações.
Outros clubes também deixam suas marcas e lembranças: o saudoso Uaru Clube e o CIREC, espaços de encontro, cultura e diversão saudável.
Já nos anos noventa, a discoteca da Latitude vinte e dois deu novo fôlego às noites douradenses. Também do senhor Pedro Leite, o espaço reunia jovens de toda a região, oferecendo música, alegria e a mesma essência respeitosa que sempre caracterizou os encontros da juventude local. Curiosamente, durante a Quaresma, a pista de dança era fechada; um exemplo do respeito entre fé e lazer que permeava a cidade.
Relembrar essa época não é desmerecer os tempos atuais, tampouco comparar gerações. É valorizar um capítulo da história em que a juventude floresceu com liberdade, saúde, respeito e sonhos.
A juventude, afinal, é mais que uma fase, é uma força que move, inspira e transforma. É a paleta de cores da vida, cheia de possibilidades. É o tempo de sonhar, de lutar pelos próprios caminhos e de se aventurar no desconhecido com coragem e sabedoria.
Que cada jovem saiba:
“Sem sonhos e lutas, nada
posso conquistar. A vida é feita de sonhos. Nunca deixe de sonhar.”
E aos jovens de hoje, fica a lembrança, e o convite:
Que
essa juventude de outrora inspire a de agora.
Que a liberdade se
viva com consciência,
Que o respeito nunca saia de moda,
E
que os sonhos…
Ah, os sonhos nunca deixem de existir.
Parabéns querida Dourado e douradenses, cento e vinte e oito anos em dezenove de maio de dois mil e vinte e cinco.