quinta-feira, 10 de abril de 2025

A História da Juventude em Dourado nos anos 70, 80 e 90

 

Dourado, uma cidade charmosa no coração do Estado de São Paulo, nunca buscou ser um grande centro econômico; e talvez resida aí o seu encanto. Com raízes fincadas na simplicidade e na hospitalidade do interior, moldada por uma mistura rica de culturas, entre mineiros e imigrantes europeus, a cidade preserva até hoje o espírito acolhedor de um lar tranquilo.

Com pouco mais de nove mil habitantes atualmente, Dourado já abrigou quase o dobro disso entre mil e novecentos e mil novecentos e trinta, época de ouro impulsionada pela produção de café e pela Companhia Douradense de Estradas de Ferro. Os apitos da saudosa “Maria Fumaça” ainda ecoam na memória dos que viveram aqueles dias de efervescência e progresso.

Rotatória Trevo de Dourado.

Mas foi nas décadas de setenta, oitenta e noventa que a juventude douradense experimentou uma liberdade difícil de traduzir em palavras. Um tempo em que se vivia para fora de casa; de corpo e alma; num ritmo mais leve, mais humano. Uma juventude que encontrou saúde nos movimentos simples: no "footing" ao redor da Praça da Matriz de São João Batista, nas pedaladas despreocupadas, nas conversas sem pressa sob a sombra das árvores, nos encontros reais, feitos olho no olho.

O "footing", ritual encantador daqueles tempos, reunia os jovens ao redor da praça. Os rapazes caminhavam em sentido anti-horário, enquanto as moças circulavam no sentido oposto. Entre olhares tímidos e músicas que ecoavam dos alto-falantes próximos ao relógio da igreja, nascia o romance, a amizade, a vida social de uma geração que valorizava o contato humano.

Festa de São João Batista - Época Atual.

A Lanchonete Babalú era ponto certo, mesmo em dias da semana. Um lugar onde a tranquilidade reinava, e o respeito era regra não escrita entre os jovens. Havia companheirismo, havia cumplicidade.


Lanchonete Babalú - anos 70 em Dourado.


Dourado, mesmo pequena, transbordava opções de lazer. A discoteca do senhor Pedro Leite movimentava as noites da juventude na esquina das ruas Dr. Marques Ferreira e Tiradentes — hoje endereço do restaurante La Plaza.

Antiga Discoteca do Sr. Pedro Leite - Hoje Restaurante "La Plaza".

No lendário Dourado Clube, bandas e orquestras renomadas se apresentavam em noites memoráveis, carnavais lotados, blocos animados, matinês e fantasias caprichadas. Era o ponto de encontro de gerações e gerações.


Dourado Clube.


Antigos Carnavais no Dourado Clube.

Outros clubes também deixam suas marcas e lembranças: o saudoso Uaru Clube e o CIREC, espaços de encontro, cultura e diversão saudável.


Uaru Clube.


Uaru Clube.


CIREC.

 Já nos anos noventa, a discoteca da Latitude vinte e dois deu novo fôlego às noites douradenses. Também do senhor Pedro Leite, o espaço reunia jovens de toda a região, oferecendo música, alegria e a mesma essência respeitosa que sempre caracterizou os encontros da juventude local. Curiosamente, durante a Quaresma, a pista de dança era fechada; um exemplo do respeito entre fé e lazer que permeava a cidade.



Antiga Latitude 22 - Atualmente: "Wooden - Móveis Planejados".

As Festas de São João Batista sempre uniram a fé e a alegria popular. As procissões, missas e a Barraca da Festa integravam gerações num espírito comunitário vibrante. As imagens da festa de mil novecentos e noventa e um mostram bem: famílias inteiras reunidas, crianças, jovens e idosos celebrando juntos; era mais que uma festa, era um retrato da identidade douradense.

Vejam vídeo no YouTube.


 

Relembrar essa época não é desmerecer os tempos atuais, tampouco comparar gerações. É valorizar um capítulo da história em que a juventude floresceu com liberdade, saúde, respeito e sonhos.

A juventude, afinal, é mais que uma fase, é uma força que move, inspira e transforma. É a paleta de cores da vida, cheia de possibilidades. É o tempo de sonhar, de lutar pelos próprios caminhos e de se aventurar no desconhecido com coragem e sabedoria.

Que cada jovem saiba:
“Sem sonhos e lutas, nada posso conquistar. A vida é feita de sonhos. Nunca deixe de sonhar.”

E aos jovens de hoje, fica a lembrança, e o convite:
Que essa juventude de outrora inspire a de agora.
Que a liberdade se viva com consciência,
Que o respeito nunca saia de moda,
E que os sonhos…
Ah, os sonhos nunca deixem de existir.

Parabéns querida Dourado e douradenses, cento e vinte e oito anos em dezenove de maio de dois mil e vinte e cinco.