sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Panorama Histórico Econômico da cidade de Dourado SP

 

A seguir, organizei um panorama histórico-econômico de Dourado (SP) em ordem cronológica, com base tanto em fontes oficiais quanto no blog “Dourado Cidade Online”.


1. Formação e os primórdios (início do século XIX)
  • As origens de Dourado têm relação com a intensa migração de famílias de Minas Gerais, que deixaram o declínio da mineração em busca de terras férteis. Esse fluxo consolidou-se no interior paulista, especialmente na região de Araraquara e entorno, como Dourado.

  • A partir de meados do século XIX, começou o cultivo de café e o povoado foi se estruturando. Por volta de 1850, surgiram os primeiros registros oficiais de terras e a cafeicultura ganhou força.





2. Consolidação e prosperidade (final do século XIX – início do XX)
  • No final do século XIX, formou-se o povoado de São João Batista dos Dourados a partir de uma capela, em torno de 1880.

  • Dourado tornou-se distrito de paz em 1891 e logo depois, em 1897, foi elevado à categoria de município – com sua primeira Câmara instalada em 12 de outubro de 1897, e emancipado formalmente pela Lei nº 502, em 18 de maio de 1897.



3. Café e ferrovia: o motor do crescimento (décadas de 1900–1930)
  • A Companhia da Estrada de Ferro do Dourado foi instalada para escoar a produção cafeeira, conectando a região ao Porto de Santos. A ferrovia tornou-se peça-chave para o desenvolvimento local.

  • Essa infraestrutura sustentou a expansão econômica até meados dos anos 1930, quando Dourado chegou a contar com cerca de 18 mil habitantes.




4. Queda do café e diversificação agrícola (anos 1930–1970)
  • A crise da cafeicultura — sobretudo imposta pela quebra de preços — afetou Dramaticamente a economia local, que dependia fortemente dessa cultura (cerca de 60% da área cultivada).

  • Após esse período, a economia se reorientou para culturas como algodão, milho, laranja e, posteriormente, cana-de-açúcar.

  • A população acompanhou esse declínio: de cerca de 18 mil habitantes em 1920/30, passou para 7.616 em 1950 e recuou ainda mais, chegando a 5.634 em 1970.





5. Retomada lenta (a partir dos anos 1970)
  • Depois de atingir o mínimo demográfico, Dourado lentamente se recuperou — em 1991 tinha 7.042 habitantes; em 1996, 8.374; e em 2000, cerca de 8.603 habitantes.

  • A economia seguiu diversificada entre agricultura, pecuária, avicultura e comércio — sem retomar o auge cafeeiro, mas mantendo atividade rural relevante.







6. Economia atual: cana-de-açúcar, turismo rural e cafés artesanais
  • A economia local é hoje dominada pela monocultura da cana-de-açúcar, voltada à produção de álcool e derivados — superando outras culturas tradicionais. Paralelamente, o turismo rural cresce, com propriedades convertidas em eco-resorts, trilhas e um forte apelo à tradição interiorana e ao legado cultural da região.

  • Entre as fazendas que preservam e renovam a tradição cafeeira está a Fazenda Monte Alto, com o legítimo Café Helena, conduzido por Maria Helena Monteiro, que mantém toda a cadeia produtiva — do cultivo à torrefação — na própria fazenda. Uma iniciativa reconhecida pela qualidade e pela atuação empreendedora.





  • Outra propriedade rural de destaque é a Fazenda São Luís, que revigorou a cafeicultura local. Essa fazenda, originalmente parte da antiga Fazenda Botelho com mais de 200 anos — depois dividida em São Luís, São Carlos e São Delfino — retornou ao cultivo de café após anos de arrendamentos voltados à agroindústria.

    • Com a queda nos preços do café na década de 1970, a fazenda foi arrendada para culturas como algodão e aveia (anos 1970), depois para produção de cana junto à usina (1985).

    • Em 1998, o novo proprietário, Sr. José A. Nars, iniciou o retorno da cafeicultura com o plantio de 100 mil pés de café, repetindo esse investimento em 2001 e novamente em 2003.

    • A partir de 2008, com a industrialização da produção — incluindo irrigação avançada e torrefação própria — foram lançadas as marcas artesanais:

      • Aroma Dourado: linha de café expresso comercializada inicialmente em São Paulo, seguida por versão em pó;

      • Pepira Dourado: lançado em novembro de 2012, inspirado no Rio Jacaré Pepira que corta a região; começou com distribuição em Dourado e alcançou cerca de 500 supermercados em outras cidades.

    • O retorno à cafeicultura nessa propriedade representa uma junção de tradição centenária com tecnologia moderna (“Tradição e Tecnologia num só gole”), fortalecendo a identidade rural e a diversificação econômica de Dourado.




Cronologia resumida:
  1. Início séc. XIX – povoamento por migrantes mineiros, primeiro cultivo de café.

  2. Final séc. XIX (1897) – emancipação política como município.

  3. Início séc. XX – implantação da ferrovia e auge cafeeiro.

  4. 1930 – crise do café e diversificação agrícola (algodão, milho, pecuária).

  5. 1950–1970 – queda populacional e econômica.

  6. Anos 1970–2000 – gradual recuperação e diversificação do agronegócio.

  7. Anos 2000 em diante – fortalecimento da monocultura de cana-de-açúcar, surgimento do turismo rural/eco-resorts e revitalização da cafeicultura em propriedades como Monte Alto e Fazenda São Luís, com marcas como Café Helena, Café Pepira e Aroma Dourado.


Reflexão Final.

Dourado é mais que um ponto no mapa do interior paulista — é um retrato vivo de como tradição e adaptação caminham juntas. De um passado marcado pela força do café e do apito da ferrovia, passando por fases de diversificação agrícola e chegada da monocultura de cana-de-açúcar, até o ressurgimento de iniciativas como a produção de cafés especiais e o turismo rural, a cidade soube transformar desafios em novas possibilidades.

Como tantas pequenas cidades do interior de São Paulo, Dourado mantém o que muitas capitais perderam: o ritmo sereno, a proximidade entre as pessoas e o ambiente acolhedor. Ao mesmo tempo, oferece oportunidades de investimento em setores que valorizam a qualidade de vida — desde empreendimentos turísticos e agroindustriais até negócios voltados para produtos artesanais e sustentáveis.

No fim, visitar ou investir em Dourado é experimentar um equilíbrio raro: o progresso que não atropela a essência e a tranquilidade que não impede o crescimento. É descobrir que, assim como o aroma de um bom café "recém-passado", algumas riquezas só se revelam quando apreciadas com calma.





Fontes Pesquisadas.


Associação Brasileira de Agronegócio da Região de Ribeirão Preto.


Prefeitura Municipal de Dourado.


Câmara Municipal de Dourado


Wikipédia.


Blog Dourado.