quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Cartas de Germano Agnelli



Itália, 15 de janeiro de 1945.
Meus bons pais.
Saudações.

É com grande satisfação e com o coração abordado de saudades, depois de um largo tempo, é que me foi possível acusar por esta o recebimento de sua carta datada de 29 de novembro passado. Não podes calcular quanto por poder daqui desta terra tao distante saber as notícias de todos e da minha sagrada terra.
Há dias que sou tomado pelas saudades, e esses são muito torturosos. Mas mesmo assim, eu e todos os meus companheiros, levaremos a feito, o nosso dever. E em breve alcançaremos a Vitória, para o nosso breve regresso. Aqui eu só peço uma cousa: o conforto de suas cartas. É essa a maior ajuda, que nos pode prestar. Ler uma carta, é ser premiado. A sua primeira carta que recebi, já a sei decór. Releio-a, sempre. Poque assim pareço vê-la e ouví-la. Dá-me a impressão que estou ao seu lado. Deus, em breve em recompensa a esse nosso sacrifício me colocará ao seu lado. Podes estar confiante disto. Os nossos chefes nada nos faz faltar. Temos tido todo conforto físico e moral. Os agasalhos que nos cobrem são o suficente para desafiarmos o frio. Já tive a aventura de receber as primeiras neves. As famílias são muito hospitaleiras, tanto é que já a convite, tive o ensejo de dançar. Aqui cada um em seu trabalho é um soldado que apressa o extermínio do inimigo. Só desejaria uma cousa. Que as saudades se assolasse de mim.

Recebi o telegrama do pai, que muito me alegrou, tanto é que já em resposta enviei um novo telegrama, que quando este chegar já tenhas recebido. Espero que tenhas recebido todas as minhas cartas.
Aqui ainda não recebi nenhuma carta de Josefa, e sinto muitas saudades dela. Transmita as minhas lembranças a ela.
Diga a Zilda e Justina que eu daqui só posso almejar a ambas um brilhante futuro, e completo de felicidades, juntos de seus companheiros que hão de ser em breve e que muito me orgulho de vê-los enfileirados na coluna de cunhados. A minha pessoa nesse dia de enlace não estará presente, mas pode contar com a minha presença espiritual. E um dia terei a grata satisfação de abraçá-los, a todos. Esse dia é esperado.
Transmita a minha boa irmã Julia e família todas as minhas saudades. Recomendações ao Chiquinho, Luzia, Maria e seu noivo. A todas as crianças, Nilton e Terezinha, meus calorosos beijos.




A senhora e ao meu querido pai, aceite a expressão máxima de um amor de filho.
Diga ao avô, que espero resposta de minha carta. Espero mesmo que ele tenha recebido.
A minha preocupação aqui, é a saude de todos os que me são caros.
Termino com o coração voltado para todos.
E o que daqui posso enviar a todos são as minhas preces diárias, são os meus beijos, são as minhas saudades e o meu grande amor que a todos dedico.
E para o amor de um pai e de uma mãe, um filho que aqui transmite um beijo profundo de amor”.

Seu sempre. Germano”.



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