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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Rua 19 de maio

Dia do Aniversário de Dourado.

Começa na Avenida Marchador Brasil 14.000 Km e termina na rua Capitão Adolfo Manoel Alves, Bairro Jardim Novo Dourado.








Dourado, tornou-se município em 19 de maio de 1897, pela Lei Estadual nº 502, no governo de Campos Salles.

São as seguintes as festividades municipais: 19 de Maio (Dia do Município), Festa de São João Batista (Do dia 24 de Junho ao penúltimo domingo de Julho) e Corpus Christi (procissão com ruas totalmente ornamentadas).


Ver também:

Dourado: Início do Povoado.

http://douradocidadeonline.blogspot.com/2008/09/dourado-incio-do-povoado.html


Nossas Origens:

http://douradocidadeonline.blogspot.com/2010/04/nossas-origens-e-tradicoes.html


Iniciativa Paroquial:

http://douradocidadeonline.blogspot.com/2009/10/iniciativa-paroquial.html



Programação para a comemoração dos 113 anos de Dourado:




Dia 16 de maio, das 7h30min às 11h30min: Desfile Cívico pelas ruas de Dourado, com saída prevista da Escola Senador Carlos José Botelho e chegada no Estádio de Futebol Parque São Pedro (evento sob a Coordenação do Departamento de Educação).

Dia 18 de maio, das 20h30min às 22h00min: Show com as Irmãs Galvão – Praça Matriz;

Dia 18 de maio, das 22h30min às 24h00min: Show com a dupla Ed & Fábio César – Praça da Matriz;

Dia 19 de maio, das 17h30min às 19h30min: Apresentação de DJ's – Música Eletrônica – Praça da Matriz;

Dia 19 de maio, das 20h00min às 22h00min: Show com a Banda Mamíferos (pop rock) Praça da Matriz.


Colaboração Diretora de Esportes, Turismo e Cultura de Dourado Ana Célia Gurgel.


Ver também:

EMEF Senador Carlos José Botelho:

http://douradocidadeonline.blogspot.com/2008/06/senador-carlos-jos-botelho.html


Fotos e Recordações Escola Salles Jr.

http://douradocidadeonline.blogspot.com/2010/02/fotos-e-recordacoes_26.html


Ruas: Dr. Francisco Borja Cardoso e Dr. Marques Ferreira.

http://douradocidadeonline.blogspot.com/2008/10/conhea-nossas-ruas.html




quinta-feira, 4 de março de 2010

Reforma da Rodoviária - Dourado



Foi exatamente no dia primeiro de dezembro de 2005, quando a Companhia Estrada de Ferro "A Douradense", completaria 105 anos de historia, que a Prefeitura de Dourado entregou aos moradores a revitalização do Terminal Rodoviário. Com a iniciativa, além de realizar a manutenção de um importante espaço público e resgatar uma parte da história do povo, a Prefeitura conseguiu transformar a Rodoviária em um ponto turístico, valorizando uma das primeiras construções da cidade. Por ali passava a ferrovia que ajudou a impulsionar o desenvolvimento de várias cidades da região. O toque final ficou por conta da pintura envelhecida de uma Maria Fumaça, imagem que foi inspirada em uma fotografia da época.





Lembranças da “Maria Fumaça”.

Nessa época (de 1891 a 1897) a agricultura já exercia papel determinante na vida econômica do recém-criado município. Entretanto, em 1900 era inaugurada a Companhia de Estrada de Ferro do Dourado (Douradense), com sede na cidade de Dourado. A ferrovia teve seu apogeu concomitantemente à cultura de café, que ocupava em 1920 uma área de 5.902 hectares, o equivalente a 27,7% do território total, cujo cultivo era feito por 60% das propriedades de Dourado.
De 1900 até 1930 Dourado viveu seu apogeu, chegando a possuir aproximadamente 18.000 habitantes, e exercia relativa influência nas cidades que integravam a sua microrregião.




Fotos e Dados: Prefeitura Municipal de Dourado
Vídeos Youtube.

Um arquivo pessoal, compartilhado na internet (em 29/06/21), traz um registro Histórico da Inauguração da Rodoviária de Dourado SP.
A data é de 24 de junho de 1988 e podemos perceber personalidades e autoridades conhecidas como o Padre José Antonio, Sr. Atílio Jacobucci, o Prefeito à época Sr. Oswaldo Munhoz e o vereador Sr. Damião Munhoz entre outros.


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O Fim da 2ª Guerra Mundial - Cartas de Germano Agnelli



Itália, 24 de Maio de 1945.

Caríssima mãe.


A sua saúde e a de todos em primeiro lugar.

Minha boa mãe, acuso o recebimento de sua carta datada de 8 de abril passado. Junto carta do Chiquinho que também respondi. Nesta sua carta a senhora ainda falava que a vitória estava próxima e por fim já temos mesmo nossa Vitória.

Eu gostaria de estar aí nesse momento para ver o seu contentamento. Então a senhora acha que eu sou sempre animado não é? Pois assim tem que ser. Aqui também o povo repicavam os sinos e bailavam nas ruas de tanta alegria. Os soldados brasileiros são muito queridos tenho mesmo que dizer que de todos os que aqui se acham são os mais queridos. Eles nos tratam de gente fina. É porque também os tratamos com muita delicadeza e respeito. Visitei a terra do pai, é uma cidade muito antiga só é que tem muita cousa histórica que vi e aproveitei muito bem este passeio. Procurei visitar tudo com muita atenção. Parentes é manga de colete. Eu acho que desmilinguiram. A guerra ali não houve nada, isto é região salva. Olha, quando eu voltar é que poderemos conversar porque senão temos que sair das normas que devem ser respeitadas para se escrever. Compreende? Tenho algumas visitas que levarei comigo. Mãe, a guerra Graças a Deus, terminou e as suas preces não foram em vão. Deus ouviu-as muito bem. Porque eu fui muito feliz desde a minha saída ai do Brasil. Sai numa função e vou voltar com a mesma função. Só que quando eu voltar irei sair no mais breve possível e tratar da minha vida, não acha que é melhor? Ao menos me parece e não mudo de pensar. Já estou cansado. Tenho trabalhado muito que nem queiras crer. Não é conversa mole não. É no duro. Capito.

As Italianas já me dizem que eu chego a conversar o italiano mais bem de que muitos deles. Vai aqui um trecho em italiano.

Questa terra multo belina. Brasiliano multo bono. Tedesco cativo. Portato tuto via. Nenhente deixare per nolhartre. Io dopo da guerra portare a Bragile. Sí vive bene lá, Io chai parente nela america, volho andare via presto, presto. Isso daqui não é nada vocês irão ver quando aí chegar.

Mãe, aqui onde estou a região é muito bonita. Mas estou com uma vontade de voltar que a senhora nem podes calcular. Os dias parecem não mais passar desde que a guerra terminou.

Diga a Terezinha que vai carta para ela em resposta da sua. E para o Chiquinho também. Recebi carta de Maria e Zilda as quais respondo. Esses últimos dias tenho trabalhado que não houve tempo para responder suas cartas. Recebi todas elas no dia do meu aniversário. Recebi também três de Josefa. Foi o meu maior presente de ano. E ainda eu fiz aquele belo passeio porque eu fui dispensado neste dia.

Então a Terezinha foi a São Paulo. Que granfinagem heim! Está progredindo. Deu até para escrever uma carta para mim. Foi até a sua primeira carta. Em outra sua carta mãe, que escreveste junto a do pai eu compreendi o que ele me escreveu. E agradeço muito a atenção da senhora e dele.

O meu amigo vai junto também comigo passar aí uns dias. E ele disse que vai comer muito churrasco.

E eu agradeço muito ao pai de ele ter essa lembrança de querer promover essa churrascada para a minha volta. Eu não mereço essa grande vontade dele.

Mãe eu quando passar a São Paulo, levarei a Josefa com a mãe dela. O que a senhora acha, mande me dizer si aprovas o meu parecer.

Hoje escrevi a ela. Ela vai indo muito bem e disse que escreveu a Senhora.

De as minhas recomendações a todos principalmente aos que por mim perguntarem.

Esta Itália é louca, mãe agora está fazendo um calor tão louco que nós precisamos depois do meio dia trabalhar de calção devido a tanto calor. O sol é tão quente que parece que estamos no deserto da África. A senhora já viu uma terra desse jeito? Depois de neve um calor monstro. Esta terra não é de gente. Aqui eu acredito que Cristo não passou. Foi por isso que ele mandou São Pedro para aqui. Aqui é de amargar. Capito.

Mãe eu vou terminar esta carta abraçando muito. E esperem que algum dia eu voltarei.

Lembranças ao meu pai e irmãos e peço abençoar este filho que muito a quer”.


Germano.



A Segunda Guerra Mundial teve seu fim anunciado em 2 de setembro de 1945, com a assinatura da ata de rendição incondicional do Japão, a bordo do couraçado Missouri.

O líder alemão de origem austríaca Adolf Hitler, Führer do Terceiro Reich, pretendia criar uma "nova ordem" na Europa, baseada nos princípios nazistas da suposta superioridade alemã, na exclusão, e supostamente eliminação física incluída, de algumas minorias étnicas e religiosas, como os judeus e os ciganos, bem como deficientes físicos e homossexuais; na supressão das liberdades e dos direitos individuais e na perseguição de ideologias liberais, socialistas e comunistas.

Durante os seis anos de guerra, estima-se a perda de 50 milhões de vidas, entre militares e civis. Destes, mais de cinco milhões de judeus foram exterminados em campos de concentração nazistas, como parte da política anti-semita de Hitler.

Fonte: Fundação Getúlio Vargas - CPDOC



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Cartas de Germano - 2ª Guerra Mundial



Itália, 18 de Fevereiro de 1945.
Minha boa mãe.

Com o pensamento voltado sempre para todos e com o coração saudoso é que vos dirijo mais uma cartinha em que possa ela levar as expressões máximas de minhas saudades.
Como de sempre no desempenho de minha função dentro da nobre missão que ora eu e os meus bons companheiros desempenhamos, nada tenho a dizer a não ser que vamos de bom para melhor. A minha saúde sempre de pé. Estou sempre bem, e peço para que todos fiquem tranqüilos, pois nada há que possa atemorizar. Somente pelas saudades que me são apegadas faz com que me sejam sempre almejadas dia a dia a nossa volta para o seio de todos que me são queridos e a Pátria, que ansiosa espera pelos seus filhos, que aqui as defende.
Hoje, dia de domingo, dia de que são celebradas missas. E nesse momento perto de mim uma pequena Igrejinha bate os seus sinos, para que os fiéis se agrupem nela afim de ouvir a Santa palavra de Deus, e para que também façamos as nossas preces. Somente nestes momentos é que sentimos que estamos mais próximos uns aos outros. Sentimos todos em um só. Mas quando se passa, esse momento tão feliz que Deus nos proporciona é que vemos e sentimos os grandes mares e as grandes distâncias que nos estão separando.
E aí, minha querida mãe, o meu amor de filho redobra-se, a pedir que ouça esse chamado. Mãe! Mãe! estás tão longe de meus olhos, e apesar de tão perto de meu coração, sinto falta de seus carinhos. E assim vão se passando dias e saudades maltratando cada vez mais. Mas além de tudo Deus nos dá de tudo que precisamos, e sendo assim temos a força necessária para vencermos tudo isso, e o inimigo comum.
Mas em breve minha boa mãe, com esses nossos sacrifícios que hoje nós enfrentamos, servirão para nós vivermos em paz duradoura, porque um novo mundo estamos plantando, para que dele poderemos um dia colher os frutos de nossos sacrifícios. Mãe. Escreva-me sem que eu peça. Sinto falta de suas cartas. Somente pude receber duas, dentro de todos esses dias que já se passaram. Ontem recebi uma carta de Maria. Já respondi para ela, e já esperando que de novo escreva. Recomendações ao meu pai, irmãos e irmãs. De todos sinto Saudades. Recomendações ao avô. E diga que quando voltar levarei uma recordação daqui para ele.
E também as minhas irmãs levarei uma lembrança.
Aqui fica mais uma vez o seu filho com o coração sempre saudoso. E peço em suas orações abençoar-me”.
3º Sgt. 2G: 77.053 – Germano Agnelli.
402 – F.E.B. - Itália.



Video YouTube.





Veja também neste Blog:

Reforma da Rodoviária de Dourado.

Os Carneiros e a Estrela.

Dourado e o Turismo.






quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Cartas de Germano Agnelli - Continuação



Itália, 29 de janeiro de 1945.
Meus bons pais.

Recebi a sua carta de 28 de Dezembro. Recebi também a do Lélo. Fiquei muito satisfeito que nem queiras saber.
Gozo muito por saber que todos estão bem. Satisfeito pela chegada do Lélo. Escrevi já a ela e para os manos de Bauru. Contente pois estou em saber que orgulha-se da minha missão. Tenho saudades do pai e da senhora. Iremos fazer um grande pique nique junto com Josefa quando voltar.
Sim. Sua carta muito me confortou. Como me referia-te. Sim Deus está sempre comigo. O que aprendi na infância, aplico-os todos nos frutos de meu trabalho. E de todos eles minha mãe querida devo a senhora. E assim sirvo a minha Pátria querida. Por isso estou aqui. Para defende-la de estranhos. O dever me impôs para que eu partisse, porque a minha Pátria precisava do concurso de meus braços para faze-la respeitada por estranhos. Quero que saiba que quando a morte me ameasse e a glória me sorri, estarás sempre em meu coração e em meus pensamentos.
Sei que sofres a ausência de um filho. Mas é preciso.
Avante! Sempre avante. Esse é o nosso Lema. A Vitória será alcançada, ainda neste ano que entramos.
E seu filho estará de volta para abraça-la. Escreva-me sem que peça para que me escreva.
Envie as minhas notícias aos manos.
Diga a Júlia que não se aflija. Diga a ela que eu gosto desta vida.
Lembranças a ela, abraços ao Osório e beijos nas crianças.
Gostaria de estar aí no casamento da Justina, mas é humanamente impossível. Desejo que ela seja muito feliz.
Lembranças a ela, a Zilda e Maria, juntamente aos noivos. Abraços na Terezinha e Nilton.
Recomendações ao meu bom mano Chiquinho e cunhada. E que espero já que o Antoninho esteja andando.
Diga a Maria tratar bem os compadres e ao afilhado. Faça ele compreender que quando for grande não terá uma nova guerra porque o padrinho está aqui nesta para fazer que seja a última.
A sua carta eu recebi por intermédio do Serviço de Assistência Religiosa.
Mande sempre notícias de todos e do avô.
Findo esta carta enviando a todos que me são caros as minhas saudades.
Com o coração cheio de ternuras peço aos meus bons pais que me abençoem.
Este teu filho que muito vos ama”.

Germano.
Endereço.
3º Sgt. 1G: 77.053 – Germano Agnelli.
402 – F.E.B. - Itália.








Itália 29 de janeiro de 1945.

Bondoso Pai,

Que a paz de Deus reine em vosso coração. Nem queira saber as saudades que sinto do senhor e de minha querida mãe.

Lembro-me sempre das visitas de que me fazias em São Paulo. Dos passeios que fazíamos junto com o China.

Logo voltaremos a estar no mesmo ambiente de antes.

Espero que gozes de boa saúde e que seus negócios sejam bem sucedidos.

Tenho saudades de todos.

Ainda não recebi cartas de Josefa. Quando fores em São Paulo visitar o Lélo, espero que chegue até a casa de Josefa.

Transmita as minhas lembranças a todos os irmãos e irmãs. Um forte abraço na mãe.

Não receies de nada que eu estou bem e gozo de uma boa saúde.

Pai o clima aqui é muito frio. Para se lavar o rosto é preciso aquecer o cantil no fogo, porque ele amanhece com água empedrada. As poças d'água ficam em um puro bloco de gelo. A terra é lamacenta e fria. Chove muito.

Em vez em quando temos muita neve. Mas o brasileiro é forte enfrenta tudo sorrindo.

Para se comer é preciso fazer as refeições as preças porque congela logo a comida. O vento é horrível. A terra amanhece dura como pedra e quando é meio dia começa a formação da lama.

Os riachos começam a ficar que é uma só pedra de gelo, que se pode andar por cima dele. O sol é uma quinta coluna porque ele nem aparece.

Para se fazer um fogo é muito difícil porque a lenha é constantemente úmida.

E assim vamos lutando contra esse segundo inimigo.

A Vitória está prestes a chegar e logo alcançaremos.

Peço não se afligir por mim. Estou bem.

Desejo que animes sempre a mãe. Eu gosto muito desta vida de aventura.

Escreva-me sim.

Queira aceitar um forte abraço deste teu filho que muito te considera e que pede abençoa-lo”.

Germano.
Endereço.
3º Sgt. 1G: 77.053 – Germano Agnelli.
402 – F.E.B. - Itália.



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Os Carneiros e a Estrela.

 



quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Cartas de Germano Agnelli



Itália, 15 de janeiro de 1945.
Meus bons pais.
Saudações.

É com grande satisfação e com o coração abordado de saudades, depois de um largo tempo, é que me foi possível acusar por esta o recebimento de sua carta datada de 29 de novembro passado. Não podes calcular quanto por poder daqui desta terra tao distante saber as notícias de todos e da minha sagrada terra.
Há dias que sou tomado pelas saudades, e esses são muito torturosos. Mas mesmo assim, eu e todos os meus companheiros, levaremos a feito, o nosso dever. E em breve alcançaremos a Vitória, para o nosso breve regresso. Aqui eu só peço uma cousa: o conforto de suas cartas. É essa a maior ajuda, que nos pode prestar. Ler uma carta, é ser premiado. A sua primeira carta que recebi, já a sei decór. Releio-a, sempre. Poque assim pareço vê-la e ouví-la. Dá-me a impressão que estou ao seu lado. Deus, em breve em recompensa a esse nosso sacrifício me colocará ao seu lado. Podes estar confiante disto. Os nossos chefes nada nos faz faltar. Temos tido todo conforto físico e moral. Os agasalhos que nos cobrem são o suficente para desafiarmos o frio. Já tive a aventura de receber as primeiras neves. As famílias são muito hospitaleiras, tanto é que já a convite, tive o ensejo de dançar. Aqui cada um em seu trabalho é um soldado que apressa o extermínio do inimigo. Só desejaria uma cousa. Que as saudades se assolasse de mim.

Recebi o telegrama do pai, que muito me alegrou, tanto é que já em resposta enviei um novo telegrama, que quando este chegar já tenhas recebido. Espero que tenhas recebido todas as minhas cartas.
Aqui ainda não recebi nenhuma carta de Josefa, e sinto muitas saudades dela. Transmita as minhas lembranças a ela.
Diga a Zilda e Justina que eu daqui só posso almejar a ambas um brilhante futuro, e completo de felicidades, juntos de seus companheiros que hão de ser em breve e que muito me orgulho de vê-los enfileirados na coluna de cunhados. A minha pessoa nesse dia de enlace não estará presente, mas pode contar com a minha presença espiritual. E um dia terei a grata satisfação de abraçá-los, a todos. Esse dia é esperado.
Transmita a minha boa irmã Julia e família todas as minhas saudades. Recomendações ao Chiquinho, Luzia, Maria e seu noivo. A todas as crianças, Nilton e Terezinha, meus calorosos beijos.




A senhora e ao meu querido pai, aceite a expressão máxima de um amor de filho.
Diga ao avô, que espero resposta de minha carta. Espero mesmo que ele tenha recebido.
A minha preocupação aqui, é a saude de todos os que me são caros.
Termino com o coração voltado para todos.
E o que daqui posso enviar a todos são as minhas preces diárias, são os meus beijos, são as minhas saudades e o meu grande amor que a todos dedico.
E para o amor de um pai e de uma mãe, um filho que aqui transmite um beijo profundo de amor”.

Seu sempre. Germano”.



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Os Carneiros e a Estrela.






quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Histórias da Segunda Guerra.


Entre 1942 e 1945, o Brasil foi integrante da aliança que combateu o Eixo. Provocado pelos ataques alemães em pleno litoral brasileiro, o país decidiu ir à guerra contra Hitler.
Agosto de 1942:

Uma carnificina no mar do Nordeste levou o governo a declarar guerra contra o Eixo. Um único submarino dos alemães afundou cinco embarcações - o que provocou quase 600 mortes. Ataques aconteceram em curtíssimo intervalo de tempo. E o presidente Vargas teve de agir.

Julho de 1944:

A Força Expedicionária Brasileira embarca para a Itália com 5.000 homens no seu primeiro batalhão; o cérebro da delegação militar nacional é o general Mascarenhas de Moraes. Preparação das tropas, contudo, é precária.


Outubro de 1944:
O 1º Grupo de Caça da FAB desembarcou na Itália para participar do teatro de operações; a preparação para os combates incluiu treinamento nos Estados Unidos e no Panamá; tropas foram entregues a comando americano.

Novembro de 1944:

Monte Castelo
Os pracinhas tomam Monte Castelo na quarta tentativa - e a conquista é estratégica para o prosseguimento da campanha Aliada pelos Apeninos. Derrotar os alemães tornara-se uma questão de honra para soldado da FEB.

Abril de 1945:
Montese:
Soldados travam em Montese a batalha mais sangrenta desde a Guerra do Paraguai. Força total do país expeliu alemães da cidade italiana - e assegurou uma passagem mais tranqüila dos aliados a caminho do vale do rio Pó.
Fonte Pesquisa:









Itália, 25 de Dezembro de 1944.
Minha boa mãe,
Saudações

Novamente aqui, nesta terra distante de minha Pátria querida, é que torno a escrever esta cartinha, afim de novo enviar as minhas pequenas notícias. É neste dia do menino Jesus, no nosso grande dia de Natal, que apesar de estar muito longe de todos que me querem bem, os meus pensamentos estão sempre voltados aí para todos. Sei perfeitamente que acharam falta da minha presença neste dia de Natal, mas tenho a dizer que espiritualmente estive ai presente. Quanto a mim Graças ao Nosso Bom Deus, a aos meus companheiros, passamos bem este Natal, que se passa.
Creio que já tenhas recebido a minha primeira carta e o meu telegrama. Sempre aqui estou bem, e cheio de saúde. A minha função é de datilógrafo. Mais uma vez, peço para que não fiquem pensativos em mim. Sempre bem e alegre.
Sinto muitas saudades do meu Brasil e de todos.
A minha maior dádiva seria em receber sempre uma carta de todos daí. Nem queira saber quanto é bom saber notícias de todos e da sagrada terrinha.
Como vai minhas irmãs? Justina, quando se casa? Maria como vai de noivado. E Zilda, o que ela me conta. Escreva-me logo sim? De-me notícias do Natalini e do Carlos.
Como vai o meu afilhado e os compadres. Estimo que estejam todos bons. Abraço na Verinha e no Valdir.
Beijos a Terezinha. Diga a ela que é a irmãzinha mais bonitinha da turma. E o Nilton já comprou uma fazenda? Escreva-me logo sim? Findo esta carta enviando recomendações a todos. Abraços ao pai, e desejo-lhes prósperos negócios. Este teu filho que pede abençoá-lo. Com muitos abraços”.

Germano.



quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Cartas da Segunda Guerra Mundial – Chegada à Itália.




Itália, 21 de Dezembro de 1.944
Meus caros pais e irmãos,
Saudações.

“Depois de minha partida somente agora é que pude lhe escrever. Espero que tenhas recebido o meu telegrama. Cheguei bem de viagem. Fiz uma ótima viagem. Graças ao nosso Deus, gozo de uma boa saúde. Aqui na verdade faz muito frio, mas eu estou enfrentando ele muito bem.
Tudo aqui corre muito bem para nós. As suas boas preces estão sendo ouvidas por Deus.
Tenho uma ótima função. Não deves mais ficar pensativa em minha vida de guerra. estou gostando dela. A guerra não é tanto como aí se julga. Sei que esta carta irá chegar um pouco tarde, mas mesmo assim aproveito para enviar a todos os meus melhores votos de felicidades pela entrada do ano novo. E espero que haja feito um bom natal.
O meu maior presente aqui é em receber de vez em quando uma carta daí, para saber notícias de todos. Como eu prometi vou colocar no correio uma carta em cada oito dias.
Gostaria de que minhas irmãs escrevessem sempre uma carta.
A terra do pai tem bom vinho.
As uvas terminaram. Aqui tem muito frio, lama e chuva.
Quando eu aí voltar muitas coisas tenho que contar.
Como vai a Julia e sua família, recomendações a todos. Abraços em todas minhas irmãs. Recomendações a todos os meus manos.
Aqui é que a gente dá o valor ao nosso querido Brasil. Quantas saudades que sinto dele e de todos que me estimam.
Se Deus quiser com o nosso e vossos esforços, a guerra a de terminar logo.
Minha querida mãe e pai, como vocês crêem em Deus, deves crer também no que eu digo: aqui estou bem e nada deves recear. A guerra pertence ao bom soldado, que defende uma causa justa. Principalmente a dignidade de nossa querida Pátria.


Germano


Gosto muito de pertencer a esta cruzada.
Nós brasileiros gozamos de um bom conceito, perante todos, porque sabemos honrar a nossa bandeira. O alemão tem temor ao soldado brasileiro.
Peço pelo amor de Deus, em não pensar em mim.
Aqui vivo contente, principalmente junto com os meus companheiros.
Mãe, tem recebido carta de Josefa? Tem escrito a ela?
Espero melhores cartas. Escreverei.
Findo esta carta abraçando a senhora e ao pai e beijos a todos deste teu filho que sempre soube adorá-los”.

Germano.



Bisavô Antonio e todos os filhos homens.




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Os Carneiros e a Estrela.

















terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cartas da Segunda Guerra Mundial – Sinal de Partida.


Nesta oportunidade não poderia deixar de fazer uma singela homenagem a duas matriarcas: Tereza Sanches Agnelli, mãe de Germano Agnelli e Justina Agnelli, sua irmã. Desde muito pequeno tenho visto o exemplo de amor e dedicação de minha bisavó e avó aos filhos, netos para manter a família unida. Minha Bisavó Tereza e meu bisavô Toninho tiveram onze filhos: Nilton, Germano, Carlos, Chiquinho, Natal, Torelo, Maria, Justina, Júlia, Zilda e Terezinha. E ainda adotaram mais dois meninos que criaram com o mesmo amor e atenção dos seus. Moraram por muito tempo na Zona Rural onde plantavam algodão, milho, café e criavam gado. Depois que os filhos cresceram e se casaram passaram a viver na cidade de Dourado, interior do estado de São Paulo.
Também a elas devo meus préstimos por terem guardado, por tanto tempo, relatos importantes da história da Segunda Guerra Mundial que só agora podemos compartilhar com todos.


Família Agnelli


O Embarque à Itália.




Rio de Janeiro, 08 de Novembro de 1944.
Minha boa mãe,
Saudações.

Espero que quando receberes esta já tenham recebido noticias minhas pelo telegrama que mandei. Eu recebi todas as cartas da senhora, da Júlia, Lídia e da Justina.
Eu aqui vou indo bem e peço a senhora e a todos que não fiquem tristes comigo, não devem pensar em mim. Eu aqui estou contente com tudo. Nada me faz passar triste. Só aí é que me põe a pensar. Portanto peço para que não pensem em mim. Diga a Júlia também para não chorar. Explica a ela que a guerra já está acabada. Eu era para ficar aqui mas foi dado sem efeito, de modos que agora eu vou como rádio-telegrafista. Em nada devemos temer. Tenho muita fé que nada há de acontecer. Quando eu for eu passarei um telegrama. Nesse telegrama eu só vou dizer o seguinte: (Sinto muitas saudades). De modos que assim fica combinado o meu sinal de partida. E nada de tristeza porque eu só vou fazer um passeio. Podes acreditar nisso. Se a senhora não crer nisso será a mesma cousa que não acreditar em Deus.
Dentro de poucos meses estamos todos de volta. Eu quero que todos sintam orgulhosos de mim. Saberei cumprir com o meu dever. Sempre gostei disso. Um dia seguirei, mas um dia voltarei.
Deus sempre me guiou e sempre a de me guiar.
Mãe, eu dei uma escapada e fui ver a Josefa, passei sábado, domingo e segunda, de modos que ela ficou mais conformada. Eles me fizeram tanto que nem sei como pagá-los. Eles são muito bons. E me estimam muito. Josefa me disse que já respondeu a carta da senhora.
A contar do dia do meu embarque, o pai deve receber aí, um mês de meus vencimentos. Se acaso não receberem, me escrevam.

Quando eu embarcar suspenda a correspondência, só me escrevam quando eu escrever. Dê as minhas recomendações ao pai. Abraços no Chiquinho, e lembranças aos cunhados e cunhadas.
Beijos em todas as crianças.
Sempre peço desculpas de minha letra.
Eu aqui procurei o Lelo mas não encontrei. No contingente que veio do Norte ele não veio. Ele deve ter dado já a baixa. Ele já findou o tempo.
Em maio, se Deus quiser, estaremos aí todos juntos.
Vamos fazer uma grande festa. Sempre estou pensando em todos aí.
Sinto saudades. Mas em breve mataremos essa saudade.
Quanto ao meu dinheiro, o governo vai deixar depositado no Banco Andrade Arnaud, com sede a rua Buenos Auyres nº 20 – A – Distrito Federal.
Eu vou ver se posso mandar uma procuração para o pai, para ele retirar esse dinheiro e guardar junto com o outro que ele irá receber todo o mês.
Sei que ele tem que fazer aí uma nova procuração para o Colagrossi movimentar com o Banco Nacional da cidade de São Paulo, que é o que vai fazer a transferência com o Banco Andrade Arnaud.
Sem mais aceite recomendações deste teu filho que pede abençoa-lo.

Germano.




Bisavó Teresa.






Avó Justina Agnelli Varella.


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Os Carneiros e a Estrela.






segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Cartas da Segunda Guerra Mundial - Continuação.

Segunda Carta

Nesta segunda carta Germano procura consolar sua mãe e parentes com a sua ida à Itália, onde talvez nem embarcaria, prevendo aos entes queridos o termino da guerra antes de embarcar. Também define sua posição de rádio-telegrafista do Exército Brasileiro, e uma certa frustração por não encontrar o irmão, Torelo Agnelli.


Foto: Germano e Soldado desconhecido




Rio de Janeiro, 03 de Novembro de 1944.
Querida mãe,
Beijos.

Recebi a sua estimada carta que muito me alegrou o meu pobre coração. Nem sabes o sentimento que tenho em vos deixar. O destino o quer. E saberá cumprir com o meu dever. Agora não deves se preocupar comigo, que tenho fé que nada acontecerá. Deus sempre esteve comigo, e estará para sempre. Amém.
A senhora podes crer que a guerra está no fim. Logo tudo terminará.
Temos que nos conformar, aqui tem a maioria que são casados e cheios de filhos. Eu sou solteiro.
Mãe, recebi o seu telegrama. Mas não pude encontrar o Lelo (Torelo Agnelli). Em todos os casos tenho fé de encontrar. Eu quase não posso sair daqui. Peço a senhora me mandar o endereço dele com urgência.
Mãe a Josefa me descreveu que a senhora escreveu a ela. Ela diz sentir muito satisfeita e acha que a senhora é muito boa. E vai responder a carta. Eu também agradeço a atenção da senhora. Eu deixei com a Josefa mil cruzeiros e a caderneta da caixa.
Se por ventura eu embarcar para Itália, eu vou mandar um dinheiro que tenho. Porque a gente só pode embarcar com cem mil réis. Mãe, eu vou ganhando mais ou menos três contos. Não sei certo quanto é. Mas desses três contos, uma parte o pai vai receber aí, na coletoria ou na câmara. E a outra parte fica no banco, ou na caixa em meu nome e a terceira eu receberei na Itália.
Aqui no exército eu fiz a declaração de herdeiros e segue um formulário.
Essa declaração de herdeiros é para se acaso acontecer alguma cousa comigo, as famílias receberão pensão militar referente a um ordenado de um posto acima do meu.
Espero que tenhas compreendido. Se caso não compreenderam, pode me escrever novamente.
Peço desculpa da letra, estou escrevendo de cima de um caixão. E tenho pressa.
Diga a Lídia do Tio Ernesto que recebi a carta dela e que muito agradeço a atenção dela. E que não escrevi por falta de tempo. Diga a Júlia que muito agradeço também a sua carta. E que logo vou responder a carta dela.
Lembranças para as meninas. E que tenham sempre juízo.
Dê lembranças ao pai e ao Chiquinho.
Quando tudo isso terminar iremos fazer um piquenique toda a família junta.
E tenho muita fé em que isso será realizado. E vai ser para o mês de maio.
Mãe, Rio é encantador. Já fui passear duas vezes nos melhores lugares.
Mãe, pode tranqüilizar o seu coração que talvez nem chegue a embarcar. Talvez eu fique aqui tomando conta do material que fica. Vão ficar dois sargentos por Companhia. Por enquanto eu sou um dos escolhidos. Podes crer. Quero que Deus me castigue se isso for mentira. Por isso peço que a senhora não fique triste mais. Porque eu aqui todos os momentos estou vendo a senhora triste.
A senhora talvez nem sabes calcular que sempre estou aí com a senhora. O meu pensamento está sempre aí. Agora é preciso também que a senhora se alegre um pouco mais.
Quanto mais triste a senhora ficar será pior para nós. Os lamentos aí da senhora repercute aqui no meu coração.
A senhora deves ficar orgulhosa disso. Eu tenho cinco anos de militarismo. Estou bem treinado. Quando eu voltar, voltarei mais brasileiro do que fui. E a senhora será mais mãe, porque soubestes passar por mais um sacrifício que Deus a impôs.
É necessário também que a Senhora se alimente bem.
Nesse momento eu acabei de saber, se caso eu for para Itália, irei como Rádio – Telegrafista. De modos que se assim for, podes ficar mais tranqüila ainda, que nada poderá me acontecer.
Todos esses sacrifícios nossos de hoje serão felicidades de amanhã.
Temos que ter fé em Deus. E ser forte. Ou demais de nada valerá.
Recomendações a todos que por mim perguntar”.

Termino esta, pedindo que me abençoe.
Este teu filho que muito te considera”.
Germano.
Veja na outra folha o meu novo endereço.
Escreva-me logo.
Sim”!


Antonio Agnelli e Tereza Sanches Agnelli (pais de Germano)


Meu novo Endereço:
D.P.E da F.E.B – 1º Escalão
Sub-Grupamento de Infantaria
III Batalhão
III Companhia dos Comandos
Vila Militar.
Rio de Janeiro.



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