segunda-feira, 23 de junho de 2008

Senador Carlos José Botelho

Arquivo - Folha de Dourado, N.o 47 de 22/02/1992.

Cecília Pereira de Sousa Braga vira mais uma página de seus álbuns e nos revela a surpreendente vida do Senador Carlos José Botelho, filho do Conde do Pinhal.
Conta a tradição que Carlos José Botelho, construiu ou patrocinou a construção do Grupo Escolar de Dourado, fundado em 03 de agosto de 1.908. Embora o engenheiro responsável pela obra tenha sido o Sr. Manuel Iabater. Dr. Botelho desenhou o esquema da construção com sua própria bengala no chão onde a obra foi erguida.






SENADOR "CARLOS JOSÉ BOTELHO" UM GRANDE BRASILEIRO.
Nasceu em Piracicaba a 14 de maio de 1855, terminados os estudos em Itu, São Paulo e Rio de Janeiro, foi concluir o curso em Montpelliés, na França, onde em 1880 obteve o título de Doutor em Medicina. Médico e cirurgião emérito, profundo conhecedor dos problemas hospitalares, de regresso ao Brasil, fundou em São Paulo, no Brás, à Rua do Gasômetro, o primeiro hospital clínico e cirúrgico (particular), mais conhecido como "Casa de Saúde do Dr. Botelho".
Foi o primeiro Diretor Clínico da Santa Casa de São Paulo, um dos fundadores da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo. Além disso foi vereador municipal e Senador Estadual, co-fundador da Policlínica de São Paulo, sócio fundador do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Introdutor da cultura de arroz por irrigação, iniciador da seleção do gado de raça caracu e apuramento do tipo de cavalo de guerra. Abandonando a medicina, dedicou-se à vida agrícola em Dourado e São Carlos. Em 1892 fundou o Jardim da Aclimação e Zoológico de São Paulo, primeiro posto zootécnico no Brasil. Foi sócio-fundador e presidente honorário da Sociedade Rural Brasileira; membro da Academia de Ciências Econômicas; Secretário da Agricultura Viação de Obras Públicas no governo do Dr. Jorge Tibiriçá (1904 - 1908). Incentivou a cultura de algodão, construiu a Escola Agrícola de Piracicaba em terras doadas ao Estado pelo Dr. Luís Antonio de Souza Queirós; organizou a primeira estatística agrícola e zootécnica do Estado; construiu os primeiros três silos para forragens tipo torre americana no Brasil, sendo o primeiro Posto Zootécnico da Mooca, o segundo no Jardim da Aclimação e o terceiro na Fazenda em Dourado. Realizou as cinco primeiras exposições estaduais de São Paulo; fundou o primeiro posto zootécnico Estadual (1905) na Mooca, iniciou saneamento da cidade de Santos, eliminando os regos e construindo canais que descarregam no mar; instituiu a Agência Oficial de Imigração e Trabalho para registro de contrato entre trabalhadores rurais e fazendeiros. Foi introdutor da Imigração japonesa em 1906. Eis o que publica o "Estado de São Paulo" de 24 de maio de 1.967: "O primeiro contrato de imigração entre o Brasil e o Japão foi firmado no dia 06 de novembro de 1907, assinado por Ryn Mizuno, Diretor Presidente da Companhia Japonesa de Imigração Kahotu e Carlos Botelho, Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo. No dia 18 de junho de 1908, no porto de Santos encontrava o vapor "Kaza do Maru", trazendo 165 famílias, num total de 781 pessoas. Era o início da imigração japonesa para o Brasil".
Em 1906 deu início a exploração do sertão paulista e alta Sorocabana. No mesmo ano elaborou uma completa Carta Geográfica do Estado visto as existentes elaboradas em 1889 serem absolutamente deficiente, pois de Bauru para diante, era sertão desconhecido habitado por índios. Criou os núcleos coloniais: Nova Odessa, Nova Europa, Nova Paulicéia, Corumbataí, Gavião Peixoto e Jorge Tibiriçá.
O meu pai, Everardo Vallim Pereira de Sousa foi o seu grande e dedicado auxiliar. Como profundo conhecedor de nossa flora sabia adaptar o homem à terra. Por 30 anos pertenceu à Secretaria da Agricultura.
Em Sua residência, à Rua Brigadeiro Tobias, N.o 49, realizava Carlos Botelho as suas célebres palestras agrícolas "Células Nortes" da Sociedade Paulista de Agricultura, Liga Agrícola e Sociedade Rural Brasileira. Fundou a Sociedade Hípica Paulista cedendo o Jardim da Aclimação para a primeira sede. Representou o Brasil na qualidade de Ministro Plenipotenciário no Congresso Internacional de Polícia Sanitária e Medicina Veterinária em Montevidéu. Foi agraciado com a comenda da Real Ordem de Orange-Nassau da Holanda Cavaleiro da Real Ordem do Mérito Agrícola da Bélgica.
Representou o Senado de São Paulo na recepção do Rei Alfredo I da Bélgica, dominando com perfeição o idioma francês.
Não aceitou, recusando com veemência o título de "Barão de Avanhandava", que com justiça desejara o Império lhe conferir.
Faleceu a 20 de março de 1947, aos 93 anos de idade, em sua fazenda Santa Francisca do Lelo, que fora desmembrada da Sesmaria do Pinhal (Solar do Botelho) no município de São Carlos, cidade fundada por seu pai e seus tios em 1856. Era o único filho do Conde do Pinhal digo, do primeiro matrimônio de Antonio Carlos de Arruda Botelho, Conde do Pinhal, com Francisca T. Coelho.
O segundo matrimônio, efetuou-se com Ana Carolina de Mello Oliveira, a tia Aninha, irmã da minha avó materna e do qual advieram doze filhos. Por diversos períodos exerceu Carlos Botelho a Diretoria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. O governo do Estado reconhecendo-lhe os méritos decretou justiça de luto oficial.



Silo construído pelo Senador Carlos José Botelho para forragens tipo torre americana no Brasil, atualmente na Fazenda São Carlos (Dourado, SP).



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