A seguir, organizei um panorama histórico-econômico de Dourado (SP) em ordem cronológica, com base tanto em fontes oficiais quanto no blog “Dourado Cidade Online”.
As origens de Dourado têm relação com a intensa migração de famílias de Minas Gerais, que deixaram o declínio da mineração em busca de terras férteis. Esse fluxo consolidou-se no interior paulista, especialmente na região de Araraquara e entorno, como Dourado.
A partir de meados do século XIX, começou o cultivo de café e o povoado foi se estruturando. Por volta de 1850, surgiram os primeiros registros oficiais de terras e a cafeicultura ganhou força.
No final do século XIX, formou-se o povoado de São João Batista dos Dourados a partir de uma capela, em torno de 1880.
Dourado tornou-se distrito de paz em 1891 e logo depois, em 1897, foi elevado à categoria de município – com sua primeira Câmara instalada em 12 de outubro de 1897, e emancipado formalmente pela Lei nº 502, em 18 de maio de 1897.
A Companhia da Estrada de Ferro do Dourado foi instalada para escoar a produção cafeeira, conectando a região ao Porto de Santos. A ferrovia tornou-se peça-chave para o desenvolvimento local.
Essa infraestrutura sustentou a expansão econômica até meados dos anos 1930, quando Dourado chegou a contar com cerca de 18 mil habitantes.
A crise da cafeicultura — sobretudo imposta pela quebra de preços — afetou Dramaticamente a economia local, que dependia fortemente dessa cultura (cerca de 60% da área cultivada).
Após esse período, a economia se reorientou para culturas como algodão, milho, laranja e, posteriormente, cana-de-açúcar.
A população acompanhou esse declínio: de cerca de 18 mil habitantes em 1920/30, passou para 7.616 em 1950 e recuou ainda mais, chegando a 5.634 em 1970.
Depois de atingir o mínimo demográfico, Dourado lentamente se recuperou — em 1991 tinha 7.042 habitantes; em 1996, 8.374; e em 2000, cerca de 8.603 habitantes.
A economia seguiu diversificada entre agricultura, pecuária, avicultura e comércio — sem retomar o auge cafeeiro, mas mantendo atividade rural relevante.
A economia local é hoje dominada pela monocultura da cana-de-açúcar, voltada à produção de álcool e derivados — superando outras culturas tradicionais. Paralelamente, o turismo rural cresce, com propriedades convertidas em eco-resorts, trilhas e um forte apelo à tradição interiorana e ao legado cultural da região.
Entre as fazendas que preservam e renovam a tradição cafeeira está a Fazenda Monte Alto, com o legítimo Café Helena, conduzido por Maria Helena Monteiro, que mantém toda a cadeia produtiva — do cultivo à torrefação — na própria fazenda. Uma iniciativa reconhecida pela qualidade e pela atuação empreendedora.
Outra propriedade rural de destaque é a Fazenda São Luís, que revigorou a cafeicultura local. Essa fazenda, originalmente parte da antiga Fazenda Botelho com mais de 200 anos — depois dividida em São Luís, São Carlos e São Delfino — retornou ao cultivo de café após anos de arrendamentos voltados à agroindústria.
Com a queda nos preços do café na década de 1970, a fazenda foi arrendada para culturas como algodão e aveia (anos 1970), depois para produção de cana junto à usina (1985).
Em 1998, o novo proprietário, Sr. José A. Nars, iniciou o retorno da cafeicultura com o plantio de 100 mil pés de café, repetindo esse investimento em 2001 e novamente em 2003.
A partir de 2008, com a industrialização da produção — incluindo irrigação avançada e torrefação própria — foram lançadas as marcas artesanais:
Aroma Dourado: linha de café expresso comercializada inicialmente em São Paulo, seguida por versão em pó;
Pepira Dourado: lançado em novembro de 2012, inspirado no Rio Jacaré Pepira que corta a região; começou com distribuição em Dourado e alcançou cerca de 500 supermercados em outras cidades.
O retorno à cafeicultura nessa propriedade representa uma junção de tradição centenária com tecnologia moderna (“Tradição e Tecnologia num só gole”), fortalecendo a identidade rural e a diversificação econômica de Dourado.
Início séc. XIX – povoamento por migrantes mineiros, primeiro cultivo de café.
Final séc. XIX (1897) – emancipação política como município.
Início séc. XX – implantação da ferrovia e auge cafeeiro.
1930 – crise do café e diversificação agrícola (algodão, milho, pecuária).
1950–1970 – queda populacional e econômica.
Anos 1970–2000 – gradual recuperação e diversificação do agronegócio.
Anos 2000 em diante – fortalecimento da monocultura de cana-de-açúcar, surgimento do turismo rural/eco-resorts e revitalização da cafeicultura em propriedades como Monte Alto e Fazenda São Luís, com marcas como Café Helena, Café Pepira e Aroma Dourado.
Reflexão Final.
Dourado é mais que um ponto no mapa do interior paulista — é um retrato vivo de como tradição e adaptação caminham juntas. De um passado marcado pela força do café e do apito da ferrovia, passando por fases de diversificação agrícola e chegada da monocultura de cana-de-açúcar, até o ressurgimento de iniciativas como a produção de cafés especiais e o turismo rural, a cidade soube transformar desafios em novas possibilidades.
Como tantas pequenas cidades do interior de São Paulo, Dourado mantém o que muitas capitais perderam: o ritmo sereno, a proximidade entre as pessoas e o ambiente acolhedor. Ao mesmo tempo, oferece oportunidades de investimento em setores que valorizam a qualidade de vida — desde empreendimentos turísticos e agroindustriais até negócios voltados para produtos artesanais e sustentáveis.
No fim, visitar ou investir em Dourado é experimentar um equilíbrio raro: o progresso que não atropela a essência e a tranquilidade que não impede o crescimento. É descobrir que, assim como o aroma de um bom café "recém-passado", algumas riquezas só se revelam quando apreciadas com calma.
Fontes Pesquisadas.
Associação Brasileira de Agronegócio da Região de Ribeirão Preto.
Prefeitura Municipal de Dourado.