Rua dos Expedicionários
faz parte das publicações deste blog que conta as histórias das ruas de Dourado
e o seu significado. Localizada entre as ruas Herônidas de Arruda Cruz e Luiz
Monteiro Novo fica no Bairro do Jardim Paulista em Dourado, SP. Uma homenagem
aos Expedicionários da Pátria ou conhecidos popularmente como “pracinhas” que
formaram a Força Expedicionária Brasileira (F.E.B.) e lutaram na Segunda Guerra
Mundial.
A Força Expedicionária
Brasileira, conhecida pela sigla FEB, foi a força
militar brasileira
de 25.334 homens que foi responsável pela participação brasileira ao lado dos Aliados
na Itália,
durante a Segunda Guerra Mundial.
Constituída inicialmente por uma divisão de infantaria,
acabou por abranger todas as forças militares brasileiras que participaram do
conflito. Adotou como lema "A cobra está fumando", em alusão ao que
se dizia à época que era "mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil
entrar na guerra".
Para entender o contexto histórico
em 1939, com o início da Segunda
Guerra Mundial, o Brasil manteve-se neutro, numa continuação da política do
presidente Getúlio
Vargas de não se definir por nenhuma das grandes potências,
somente tentando se aproveitar das vantagens oferecidas por elas. Tal "pragmatismo"
foi interrompido no início de 1942, quando os Estados Unidos
convenceram o governo brasileiro a ceder a ilha de Fernando
de Noronha e a costa nordestina brasileira
para o recebimento de suas bases militares. Os EUA tinham planos para invadir o
nordeste,
caso o governo Vargas insistisse em manter o Brasil neutro.
Video YouTube.
Muitos douradenses não sabem que tivemos três conterrâneos nesta dura batalha onde nossos jovens deixaram sua juventude e suas famílias para encarar a face feia da guerra quando viajaram com as tropas brasileiras para a Itália (Germano Agnelli, Antonio Rodrigues Coelho e José da Silva Nascimento).
Os
soldados Brasileiros foram mandados para a batalha sem agasalhos suficientes,
para o rigoroso inverno europeu.
Germano
viu muitos compatriotas morrerem em consequência do frio. Alguns congelados,
outros feridos, enfraquecidos acabavam pegando pneumonia. Até que, os soldados
americanos se compadeceram da triste situação dos nossos pracinhas
desprotegidos, arrumando roupas adequadas para todos. Diziam que foram com a
cara e a coragem...
Germano
sobreviveu aos Alemães, à fome, ao frio. Era encarregado do rádio, para
transmitir notícias para a tropa. Viu colegas Brasileiros serem estraçalhados
por granadas inimigas, sem poder fazer nada. Muitas vezes era necessário passar
por cima de cadáveres, tendo de correr entre trincheiras cheias de cheiro de
pólvora e sangue, de gritos desesperados na escuridão, balas chispando por todo
lado. Passou fome, comia o que encontrasse na neve, até insetos...
Ninguém
consegue imaginar o quanto dói o sofrimento, enquanto não o “encara de frente”.
Isso muda completamente uma pessoa. Muitos pracinhas nunca mais foram os
mesmos, depois do que viram e passaram na Itália. É muito triste vê-los nos
dias de hoje em paradas militares. Alguns em cadeiras de rodas, velhinhos, mas
todos com o orgulho Brasileiro estampado nos rostos marcados. Os mais jovens
sequer imaginam quanta história de vida passa junto com eles, enquanto a banda
toca... Há muita ingratidão no ser humano em geral. Talvez todos querem
realmente esquecer um período tão sombrio da história da humanidade.
Em
maio de 1945 o pesadelo mundial acabou. Deixou cicatrizes profundas em parte da
população do planeta. Cicatrizes infinitamente maiores naqueles que estiveram
frente a frente com a morte. Mas a vida continua na sua infindável tarefa de
espalhar seus genes. Germano voltou da guerra como herói. Na casa de Antonio
Agnelli havia uma faixa com os dizeres pintados "desta casa saiu um
herói". As crianças saíram da escola para esperá-lo na antiga estação
ferroviária Douradense. As pessoas com bandeirinhas do Brasil acenavam. A banda
tocava.
Os mais velhos nas janelas também gritavam de alegria. Conheciam de
perto as batalhas da sobrevivência... Foi uma festa. Junto com Germano retornou
outro pracinha douradense Antonio Rodrigues Coelho. Coelho trouxe na sua bagagem
sementes de cedrinhos Italianos. Foram plantados em frente ao Grupo Escolar,
onde existe também um marco com o nome dos dois expedicionários.
Infelizmente
outro jovem de apenas vinte e um anos marcou com seu sangue douradense as
terras da Itália; José da Silva Nascimento. Enquanto as pessoas felicitavam os
dois soldados sobreviventes, a mãe de José recebia apenas uma medalha em troca
da vida preciosa de seu filho. Foi muito triste para as pessoas vê-la ali
parada ao lado dos trilhos do trem, segurando aquele pedaço de frio metal,
enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto quieto... Na casa dos Agnelli o dia
era de comemoração.
Fonte de pesquisa:
Wikipédia a enciclopédia livre e,
Os
Carneiros e a Estrela por Kate Agnelli.Vejam Também:
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