sábado, 17 de agosto de 2013

Rua dos Expedicionários, Dourado-SP.



Rua dos Expedicionários faz parte das publicações deste blog que conta as histórias das ruas de Dourado e o seu significado. Localizada entre as ruas Herônidas de Arruda Cruz e Luiz Monteiro Novo fica no Bairro do Jardim Paulista em Dourado, SP. Uma homenagem aos Expedicionários da Pátria ou conhecidos popularmente como “pracinhas” que formaram a Força Expedicionária Brasileira (F.E.B.) e lutaram na Segunda Guerra Mundial.






A Força Expedicionária Brasileira, conhecida pela sigla FEB, foi a força militar brasileira de 25.334 homens que foi responsável pela participação brasileira ao lado dos Aliados na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Constituída inicialmente por uma divisão de infantaria, acabou por abranger todas as forças militares brasileiras que participaram do conflito. Adotou como lema "A cobra está fumando", em alusão ao que se dizia à época que era "mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra".


Para entender o contexto histórico em 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial, o Brasil manteve-se neutro, numa continuação da política do presidente Getúlio Vargas de não se definir por nenhuma das grandes potências, somente tentando se aproveitar das vantagens oferecidas por elas. Tal "pragmatismo" foi interrompido no início de 1942, quando os Estados Unidos convenceram o governo brasileiro a ceder a ilha de Fernando de Noronha e a costa nordestina brasileira para o recebimento de suas bases militares. Os EUA tinham planos para invadir o nordeste, caso o governo Vargas insistisse em manter o Brasil neutro

Video YouTube.



Muitos douradenses não sabem que tivemos três conterrâneos nesta dura batalha onde nossos jovens deixaram sua juventude e suas famílias para encarar a face feia da guerra quando viajaram com as tropas brasileiras para a Itália (Germano Agnelli, Antonio Rodrigues Coelho e José da Silva Nascimento).

Os soldados Brasileiros foram mandados para a batalha sem agasalhos suficientes, para o rigoroso inverno europeu.

Germano viu muitos compatriotas morrerem em consequência do frio. Alguns congelados, outros feridos, enfraquecidos acabavam pegando pneumonia. Até que, os soldados americanos se compadeceram da triste situação dos nossos pracinhas desprotegidos, arrumando roupas adequadas para todos. Diziam que foram com a cara e a coragem...

Germano sobreviveu aos Alemães, à fome, ao frio. Era encarregado do rádio, para transmitir notícias para a tropa. Viu colegas Brasileiros serem estraçalhados por granadas inimigas, sem poder fazer nada. Muitas vezes era necessário passar por cima de cadáveres, tendo de correr entre trincheiras cheias de cheiro de pólvora e sangue, de gritos desesperados na escuridão, balas chispando por todo lado. Passou fome, comia o que encontrasse na neve, até insetos...

Ninguém consegue imaginar o quanto dói o sofrimento, enquanto não o “encara de frente”. Isso muda completamente uma pessoa. Muitos pracinhas nunca mais foram os mesmos, depois do que viram e passaram na Itália. É muito triste vê-los nos dias de hoje em paradas militares. Alguns em cadeiras de rodas, velhinhos, mas todos com o orgulho Brasileiro estampado nos rostos marcados. Os mais jovens sequer imaginam quanta história de vida passa junto com eles, enquanto a banda toca... Há muita ingratidão no ser humano em geral. Talvez todos querem realmente esquecer um período tão sombrio da história da humanidade.

Em maio de 1945 o pesadelo mundial acabou. Deixou cicatrizes profundas em parte da população do planeta. Cicatrizes infinitamente maiores naqueles que estiveram frente a frente com a morte. Mas a vida continua na sua infindável tarefa de espalhar seus genes. Germano voltou da guerra como herói. Na casa de Antonio Agnelli havia uma faixa com os dizeres pintados "desta casa saiu um herói". As crianças saíram da escola para esperá-lo na antiga estação ferroviária Douradense. As pessoas com bandeirinhas do Brasil acenavam. A banda tocava. 
Os mais velhos nas janelas também gritavam de alegria. Conheciam de perto as batalhas da sobrevivência... Foi uma festa. Junto com Germano retornou outro pracinha douradense Antonio Rodrigues Coelho. Coelho trouxe na sua bagagem sementes de cedrinhos Italianos. Foram plantados em frente ao Grupo Escolar, onde existe também um marco com o nome dos dois expedicionários.

Grupo Escolar Senador Carlos José Botelho.

Homenagem aos Expedicionários da Pátria.

Infelizmente outro jovem de apenas vinte e um anos marcou com seu sangue douradense as terras da Itália; José da Silva Nascimento. Enquanto as pessoas felicitavam os dois soldados sobreviventes, a mãe de José recebia apenas uma medalha em troca da vida preciosa de seu filho. Foi muito triste para as pessoas vê-la ali parada ao lado dos trilhos do trem, segurando aquele pedaço de frio metal, enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto quieto... Na casa dos Agnelli o dia era de comemoração.

Germano pode enfim conhecer seu filho, que tinha seu nome.

Fonte de pesquisa:
Wikipédia a enciclopédia livre e,
Os Carneiros e a Estrela por Kate Agnelli.

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