quarta-feira, 30 de março de 2011

Aconteceu Virou História.


Seu Arthur, o comerciante mais antigo de Dourado.
Aos 85 anos de idade e com uma memória invejável, Arthur Tavano relembra o passado de sua família, desde quando o pai Raphael, veio da Itália para o Brasil, em 1902.




O comerciante Arthur Tavano em sua loja, no Centro da cidade.


O comerciante Arthur Tavano ainda conserva seu charme e lucidez invejáveis, mesmo aos 85 anos de idade. “Sou o comerciante vivo mais antigo de Dourado”, orgulha-se. A conversa com senhor Arthur durou quase duas horas. Simpático, ele contou um pouco da saga de sua família, história que começou a ser construída quando o pai, Raphael Tavano, partiu da Itália para o Brasil, no início do século passado. Seu Arthur se recorda rapidamente. “Meu pai chegou em Santos no dia 18 de fevereiro de 1902, através de um programa internacional de imigração”. enfatiza. De lá, seu Raphael veio direto para São Carlos, onde anos mais tarde conheceu Amélia Catarino. Apaixonaram-se e desse amor nasceu uma família numerosa de dez irmãos. Seu Arthur é o único vivo.

O casal mudou-se para Dourado numa época em que havia apenas uma rua na cidade, a Bernardino de Campos. “Não tinha água encanada e nem energia elétrica”, conta seu Arthur. “Foi quando meu pai decidiu abrir um comércio”, acrescenta. Foi a primeira loja de calçados, chapéus e guarda-chuvas da cidade. As peças eram fabricadas manualmente, “na base da lamparina”, como ressalta seu Arthur. Mas, naquela época, Dourado era mais movimentada. “Havia a Companhia Estrada de Ferro do Dourado e por isso, muita gente passava por aqui”. Seu Arthur lembra que, naquela época a economia girava em torno da produção de café e algodão. “O café produzido em Dourado chegou a ser classificado pelo IBGE como o melhor paladar do Brasil”, lembra ele. Mas com o fim da Estrada de Ferro, muitas pessoas deixaram as cidades da região em busca dos grandes centros. Foi um período difícil. Mas nas palavras de seu Arthur, quem ficou, não se arrependeu.

O primeiro comércio dos Tavano foi “Loja Esmeralda”, aberta em 1933. Quando o patriarca Raphael faleceu, os irmãos assumiram o comércio e a loja Esmeralda passou a ser conhecida como “A Vencedora”. E, mais adiante, “Rei da Botina”. Em 1954 foi a vez de seu Arthur casar-se com Maria de Lourdes Agnelli. Tiveram três filhos, que ele faz questão de citar o nome em tom de orgulho. “Arthur Roberto, que é engenheiro da Sabesp; Maria Angélica, que confecciona bolos e ovos de Páscoa; e Sérgio Eduardo, que vive em uma chácara e se dedica as suas criações”, diz ele. Dos três filhos, nasceram os netos de seu Arthur. São cinco – Josiane, Jaqueline, Jorge Luiz, Arthur e Sérgio Eduardo.

Hoje, seu Arthur diz que Dourado está uma cidade bonita, mais estável e tranqüila. Sua disposição para o trabalho também impressiona. Ele faz questão de abrir seu comércio todos os dias, das 8h às 18h – somente aos domingos, seu Arthur trabalha meio período. Na loja, há uma variedade imensa de produtos para os clientes. Em meio a eles, imagens que seu Arthur faz questão de conservar, como o primeiro cartaz da Loja Esmeralda. Em um outro espaço, uma formação do Palmeiras, clube do coração de seu Arthur. “Toda minha família hoje é torcedora do Palmeiras”, diz. Mas ele não está contente com o desempenho de seu time de coração.

Nesse momento, a conversa é interrompida. “Um minuto, por favor”. Seu Arthur vai atender a uma cliente que entrou na loja. Ela busca um calçado para seu filho. Conversa vai, conversa vem, seu Arthur oferece um desconto e a venda é realizada.

Fonte de Pesquisa:
JC – Jornal da Cidade, Edição 3, página 8, abril de 2010.

Colaboração: Edson Alves da Fonseca.

Fotos:




A atual loja de seu Arthur, na Rua Dr. Marques Ferreira.





Seu Arthur, à esquerda na foto, durante um churrasco.






Dona Amélia e seu Raphael, pais de seu Arthur.

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