quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Douradenses.

 

O vigor dos 88 anos do douradense Atílio Jacobucci

A família é o maior orgulho do dourandense Atílio Jacobucci. Aos 88 anos de idade, este senhor de voz calma, atencioso, é capaz de relembrar em detalhes histórias que marcaram a cidade. Seu Atílio conta que o pai Nicolino veio da Itália quando tinha 11 anos de idade. No Brasil, ele casou-se com Beatriz, com quem teve quatro filhos — Bambina, Dirceu, Berenice, além de seu Atílio.

 




Foi uma época de prosperidade para a família Jacobucci. Logo o pai montou a relojoaria, que existe até hoje. O prédio é conservado e seu Atílio fica animado ao mostrar as relíquias que ainda conserva na relojoaria. Ali é possível ver inúmeras fotos, relógios e outros objetos que seu Atílio faz questão de guardar com carinho, como a fotografia da última locomotiva que operou em Dourado, pela antiga Companhia Douradense.
 


 Locomotiva Douradense.




Lembro que a população urbana era menor que a rural. Havia propriedades, como a Fazenda São Bento, onde moravam 70 famílias, que trabalhavam no beneficiamento do café”, conta seu Atílio.

Ele acredita que, pior do que a crise do café, foi a chegada da cana-de-açúcar. “As plantações de cana acabaram rapidamente com as propriedades rurais.” Quando jovem, três de seus irmãos foram estudar em outras cidades e ele optou por ficar com o pai, com quem aprendeu a função de consertar relógios. “Foram 50 anos de trabalho”, diz com orgulho.
 


Relojoaria Jacobucci.




Seu Atílio casou-se aos 22 anos com Cezarina Truzi Jacobucci. A união resultou em cinco filhos (Nicolino, Newton, Carmem Beatriz, Adriano e Atílio Júnior), mas sua esposa faleceu. Na época, ele tinha 43 anos de idade.

Sete anos depois, seu Atílio casou-se com a professora Maria Aparecida Valente Jacobucci. Com ela, ele teve mais dois filhos — André Luis e Helaine Beatriz. O casal fazia planos de se mudar para Campinas, mas sua segunda esposa faleceu. A história deixa seu Atílio emocionado.

Quando tinha 50 anos de idade, seu Atílio recebeu convite para estudar na Escola do Comércio, onde se formou aos 50 anos.

Aliás, ele tinha prazer pelo trabalho. Em 1947, a Agência Estado abriu uma filial em Dourado e seu Atílio passou a ser responsável pela entrega dos jornais que chegava à cidade de trem. “Enfrentava o frio, a chuva, o sol quente para entregar os jornais para os assinantes”, lembra.

Quanto tinha 60 anos de idade, parei de entregar jornais. Na época tinha 150 assinantes em Dourado”, conta. O trabalho recebeu reconhecimento do Governo do Estado. Em 1980, ele recebeu um prêmio de honra ao mérito, concedido pelo secretário do Trabalho Sebastião de Paula Coelho.

Quando resolveu deixar a função, seu Atílio escreveu uma carta (ele ainda guarda uma cópia) que encaminhou para os assinantes. Nele ele comunicava que a função passaria a ser exercida por Nilza Dabruzzo Carvalho.

Mas seu Atílio também trouxe para Dourado o Rotary Club. Ele lembra exatamente a data. Foi no dia 5 de janeiro de 1969. “Recebemos a admissão dos trabalhos. O Rotary proibia que fossem divulgados os trabalhos sociais que desenvolvia. Pouca gente sabe que 50% da vacina contra a pólio é custeada pelo Rotary”, revela.
 




 
Religioso, seu Atílio era dedicado às atividades sociais. Em 1971 passou a ser ministro da eucaristia na Igreja Católica, cujo objetivo era evangelizar. “O padre atuava só no fim de semana e eu tomava conta nos outros dias. Cheguei a conduzir as orações em 135 enterros”, afirma.

Hoje, além dos sete filhos, seu Atílio também tem cinco netos e sete bisnetos. Adora andar de bicicleta e faz questão de mostrar um modelo ergométrico que tem na sala de sua casa onde, de vez em quando, ainda pratica exercícios para manter a forma.


Mas alegria mesmo, seu Atílio tem quando toda a família está reunida, como aconteceu no aniversário que comemorou seus 80 anos de idade.
 




A história de seu Zico, mais antigo barbeiro da cidade

Aos 88 anos de idade, o douradense João Martins Odorico ainda serve ao ofício que o fez conhecido — e querido — em toda a cidade. Hoje, ele é o barbeiro mais antigo de Dourado. Seu Zico, como é carinhosamente chamado, porém, atende de acordo com a procura dos clientes. Um deles, é o prefeito Edmur Pereira Buzzá, mas há dezenas de outros amigos que ainda conservam a preferência e confiança ao trabalho feito pelo seu Zico.
 


Seu Zico na Barbearia.



Simpático, seu Zico herdou o ofício do pai, Augusto Martins, que fez carreira em Dourado numa época em que o município respirava desenvolvimento, com os benefícios econômicos provocados pela Companhia Douradense de Estrada de Ferro.

O próprio seu Zico lembra que somente a oficina da Companhia chegou a empregar 300 funcionários. “A barbearia de meu pai ficava ali na Rua Bernardino de Campos”, comenta. Quando a mãe Assunta faleceu, seu Zico precisou abrir mão dos estudos para ajudar o pai nas tarefas de casa.

Era muito trabalho, por isso não dava tempo de estudar”, afirma. Mas seu Zico gostava de observar o pai durante o trabalho. Foi assim que ele aprendeu a cortar cabelo e fazer a barba e o bigode dos clientes. Aos 19 anos, seu Zico passou a trabalhar na estrada de ferro como servente de pedreiro.

À época, o pai — que estava em seu segundo casamento — se aposentou e partiu para São Paulo. Seu Zico, então, não teve dúvidas. Decidiu assumir a função do pai na cidade.

Em dois anos de trabalho, eu ganhei dinheiro suficiente para comprar a casa onde moro hoje, que era do pai do prefeito Edmur”, orgulha-se. À época, seu Zico já estava casado com Maria Guadalupe Balestero Martins, carinhosamente conhecida em Dourado como Quinha. Com ela, seu Zico teve um casal de filhos e, com cada um deles, um casal de netos — sem contar com um bisneto já com dois anos de idade.
 

Seu Zico e Dona Quinha.



Dona Quinha, uma simpática senhora de comportamento ativo, lembra que depois do fim da Companhia Douradense, a cidade viveu um período de choque. “Muitas famílias ficaram abaladas e, com dificuldades, foram tentar a vida em outras cidades”, conta ela.

Alguns anos mais tarde, depois que os douradenses se acostumaram com a nova realidade, vários bairros começaram a surgir na cidade, diz dona Quinha, que ficou muito conhecida em Dourado pelas aulas de espanhol que ministrou.

A seu lado, seu Zico mostra seu segundo ofício, que ele aprendeu também de forma autodidata e com prazer que só os artesãos sentem. Ele empalha cadeiras novas ou também restaura. “Eu aproveitava as horas vagas aqui na barbearia para empalhar as cadeiras. O serviço deu certo e muitas pessoas da cidade começaram a trazer suas cadeiras para eu restaurar a palha”, afirma.

A barbearia de seu Zico, localizada ao lado da Praça da Matriz, é também um retorno ao passado. Móveis e acessórios de uma época que marcou a vida de muita gente. Assim, seu Zico e sua esposa Quinha certamente fazem parte de um grupo de dourandenses que enchem a cidade de orgulho e serve de exemplo para muita gente.



Fonte de Pesquisa: Jornal da Cidade – A Informação a  Serviço da Cidadania.
Dourado, outubro de 2010 – Ano I – Edição 9.
redação.jc@hotmail.com

Congratulações:
Edson Alves da Fonseca.


Ver também:

Festa Nossa Senhora Aparecida – 2010.

http://douradocidadeonline.blogspot.com/2010/10/festa-nossa-senhora-dourado-2010.html


JC Jornal da Cidade.

http://douradocidadeonline.blogspot.com/2010/03/jc-jornal-da-cidade.html


Personalidades douradenses:

Luciano Castelucci.

http://douradocidadeonline.blogspot.com/2010/03/talento-douradense.html


Professor Serginho Dourado.
http://douradocidadeonline.blogspot.com/2010/05/personalidade-douradense-professor.html


Luciano Carijo.
http://douradocidadeonline.blogspot.com/2010/04/colecao-de-lps-e-cds-de-elvis-presley.html


Escritora Cecília Braga.
http://douradocidadeonline.blogspot.com/2009/09/escritora-cecilia-braga.html


Alunos do 2º Termo.
http://douradocidadeonline.blogspot.com/2010/06/alunos-do-2-termo-lembrancas-escola.html


Autores de Nossa Terra.
http://douradocidadeonline.blogspot.com/2008/07/autores-e-obras-de-nossa-terra_28.html


Os Carneiros e a Estrela.

http://douradocidadeonline.blogspot.com/2010/09/dourado-em-tres-decadas-1940-1950-e.html


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