O ano letivo escolar de 2011 vem chegando ao fim em Dourado, como nas demais cidades brasileiras, e muitas lembranças vem a tona na mente de jovens e profissionais da educação que tem a árdua tarefa em formar cidadãos. Selecionei depoimentos de jovens que viveram diferentes épocas da história do Brasil e a experiência que cada um conta sobre a importância da Escola Senador que reside em suas vidas.
Retirado da: “Edição Comemorativa dos 96 anos da Escola Municipal Senador Carlos José Botelho”. (Dourado, 03 de agosto de 2005).
Pedro Luiz Gallassi Sobrinho – 44 anos.
Estudou na Escola de 1968 a 1971.
Escola da Família.
A Vitória do movimento político-militar de 1964 abriu uma nova etapa da História Republicana do Brasil. O regime ditatorial, iniciado em 64, inaugurou um tempo de repressão, tortura e censura. Vozes veladas em um país oprimido por militares da déspotas e esclarecidos.
Mesmo em meio a esse clima de tensão que pairava sobre o país, a escola Senador Carlos José Botelho seguia seu caminho e recebia em 1965 o aluno Oswaldo Gallassi Júnior.
As palavras de Gallassi se enchem de poesia quando relembra os tempos de escola: “Me lembro das brincadeiras que fazíamos no pátio e dos momentos de estudo nas salas de aula. Continuar morando em Dourado, manteve viva, em minha memória, a deliciosa sensação de poder estar todos os dias, durante vários anos, nesta escola tão bela”, diz.
O sentimento de gratidão é o maior presente em Gallassi quando à sua memória voltam histórias da infância: “Só tenho a agradecer, uma vez que nessa fase foram, em mim, construídas as bases sólidas para o crescimento íntimo do ser. Dos professores e funcionários recebi, além dos conhecimentos ministrados para o desenvolvimento intelectual, o carinho, o afeto e as principais noções de disciplina, fundamentais na formação dos imorredouros valores morais”, conta.
Em meio às recordações e saudades dos professores, funcionários colegas e do próprio frescor da infância, ele encerra dizendo como considera a Escola Senador: “Ela é muito especial para mim, pois é parte integrante da minha história, ela é parte integrante da minha alma”.
Em 1968, quando o regime militar se torna mais cruel com a expedição do Ato Institucional 5, Oswaldo Gallassi Júnior deixa a escola. Em contrapartida, seu irmão Pedro Luiz Gallassi Sobrinho, o Doca, chega para desfrutar de tudo o que o Senador tinha para lhe oferecer.
Doca teve o privilégio de conviver com seu próprio pai (que era funcionário da escola) dos anos em que lá estudou. “As lembranças de meu pai e da hora do recreio no pátio, ainda de terra e cheio de árvores, são as mais vivas em mim”, diz ele.
“A obediência era indispensável no relacionamento com os professores e, hoje, a saudade é inevitável quando falo da Senador”, finaliza Doca.
Fernanda Paloschi Martins – 21 anos.
Estudou na Escola de 1990 a 1995.
Valor Humano.
Com o fim da ditadura militar, o Brasil e todo o seu povo recuperam direitos que até então lhe eram negados. Em 1989, realizaram-se a campanha eleitoral e as eleições presidenciais e, pela primeira vez em 29 anos, o presidente seria eleito diretamente pelo povo.
No ano de 1990, com Fernando Collor de Melo já na presidência e a escola Senador podendo ensinar aos alunos que eles podiam ensinar aos alunos que eles estavam livres da censura e podiam expressar suas opiniões, Fernanda Paloschi Martins chega à Senador Carlos José Botelho.
Fernanda conta como foi bem recebida nesse espaço ainda desconhecido: “Desde o começo a convivência foi ótima, tanto que me tornei amiga de todos eles”.
As lembranças de Fernanda em relação à escola são indissociáveis das lembranças que ela guarda do seu tempo de criança: “A escola Senador está diretamente relacionada com a minha infância, pois desde o primeiro ano do ensino fundamental estudei lá, logo o que me dá muita saudade são os colegas e a inocência daquela época”, afirma.
Hoje, a jovem de 21 anos já é professora e leciona na escola que a acolheu com tanto carinho. Mas, diz que sente mudanças no comportamento do aluno em relação ao professor: “A figura do professor era de fundamental importância e tínhamos consciência de que precisávamos tratá-lo com respeito. Acho que, hoje, está faltando essa consciência, por parte dos alunos, de que o professor não é uma pessoa qualquer e que não está ali por acaso”, pondera.
Perguntada se considera a escola Senador especial, Fernanda diz que mais importante que a estrutura física da escola são as pessoas que passaram e ainda passam por lá.
Fotos da Escola Senador Carlos José Botelho.
Foto Antiga.
Antes da Restauração.
Depois da Restauração.
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