Mostrando postagens com marcador causos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador causos. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A Origem Caipira





O caipira por Vanda Catarina P. Donadio

Caipira é uma denominação tipicamente paulista. Nascida da primeira miscigenação entre o branco e o índio. "Kaai 'pira" na língua indígena significa, o que vive afastado, ("Kaa"-mato ) ( "Pir" corta mata ) e ( "pira"- peixe). Também o cateretê, inicialmente uma dança religiosa indígena, na qual os Índios batiam palmas, seguindo o ritmo da batida dos pés, deu origem a "catira". A catira passou a ser um costume de caboclos, antigamente chamados de "cabolocos". Com o avanço dos brancos em direção ao Mato Grosso e Paraná a cultura caipira foi junto, levada principalmente pelos tropeiros. Hoje o termo "Caipira" generalizou-se sendo para o citadino uma figura estereotipada. Mas esse ser escorregadio e desconfiado por natureza, resiste às imposições vindas de fora. Tem uma espécie de cultura independente, como a dos Índios. Infelizmente alguns intelectuais passaram de modo errôneo a imagem do caipira. Hoje as festas "caipiras" que se encontram nas cidades e nas escolas não passam de caricaturas de uma realidade maior. Foi criada uma deturpação do que o povo brasileiro possui de mais profundo e encantador em suas raízes. "A primeira mistura", a pedra fundamental. O falar errado do caipira não é proposital. Permanecendo ele afastado das cidades, mantém no seu dialeto, muito conhecimento, que o homem da cidade já perdeu, com sua prosperidade aparente. O caipira conhece as horas apenas olhando para o céu e vendo a posição do sol. Sabe se no dia seguinte virá chuva ou não, pois conhece a fundo o mundo natural. Tem um chá para cada doença, uma simpatia para cada tristeza... Para o citadino o caipira virou motivo de divertimento, quando deveria ser o exemplo de amor à terra. Do antepassado Índio ele herdou a familiaridade com a mata, o faro na caça, a arte das ervas, o encantamento das lendas. Do branco a língua , costumes, crenças e a viola, que acabou sendo um dos símbolos de sua resistência pacífica. Muitos são os ritmos executados na viola, da valsa ao cateretê. Temos Cateretê baião; Chula polca; Toada de reis: Cateretê- batuque, Landú, Toada; Pagode, etc. Apesar de parecer um homem rústico, de evolução lenta, nas suas mãos calejadas ,ele mantém o equilíbrio e a poesia da fusão duas etnias. E traduz seu sentimento acompanhado da viola, companheira do peito, onde canta suas esperanças, tristezas e as belezas do nosso país. A música rural, criativa , contrapõe-se aos modismos vindos do exterior. Ainda é uma forma resistente de brasilidade, feita por um do povo que conhece muito o chão do nosso país. Hoje estão querendo fazer uma fusão cultural, a do "caipira" com o "country" americano. O que se vê, é gente fantasiada de "cowboy", mas que não sabe sequer em qual fase da lua estamos...Para homenagear o verdadeiro caipira paulista aqui temos uma música bem conhecida:, cantada pelo jovem violeiro Rodrigo Matos, composição de Cacique e Carreirinho;


Pescador e Catireiro ( Cacique e Pajé)

Comprei uma mata virgem /Do coronel Bento Lira
Fiz um rancho de barrote /Amarrei com cipó cambira
Fiz na beira da lagoa /Só pra pescar traíra
Eu não me incomodo que me chamem de caipira /No lugar que índio canta
Muita gente admira /Canoa fiz de paineira
Varejão de guaruvira /A poita pesa uma arroba
Dois remos de sucupira /Se jogo a tarrafa n' água
Sozinho um homem não tira /Capivara é bicho arisco quando cai
Na minha mira /Puxo o arco e jogo a flecha
Lá no barranco revira /Eu sou grande pescador
também gosto de um catira/Quando eu entro num pagode
não tem quem não se admira /No repique da viola
Contente o povo delira /Se a tristeza está na festa eu chego
Ela se retira /Bato palma e bato o pé
Até as moça suspira /Muita gente não conhece
O canto da corruíra /Nem o sabe o gosto que tem
A pinga com sucupira /Morando lá na cidade
Não se come cambuquira /É por isso que eu gosto do sistema do caipira
Pode até ficar de fogo /Ele não conta mentira




Vanda Catarina Pereira Donadio é escritora infanto-juvenil, professora de idiomas e contribui com suas publicações neste Blog preservando a cultura local.
Publicação autorizada pelo Site: http://www.violatropeira.com.br/origem.htm




Outras contribuições de Vanda neste Blog:






segunda-feira, 21 de março de 2011

Divulgando o Blog do Salles Junior - Dourado.



MINHA HISTÓRIA COM O SALLES - 1ª PARTE. (Marta Foschini de Lima)


O Salles faz parte da minha vida. Uma parte muito boa, produtiva, alegre. Uma história de vida!
Quando entrei nessa escola pela primeira vez tinha apenas 10 anos e vim para cursar o antigo Ginásio (1ª, 2ª,3ª e 4ª séries). Aliás é bom lembrar que para nós, antigos alunos, esta escola ainda é chamada de Ginásio e a escola Senador ainda é o Grupo Escolar.
A mudança de uma escola para outra, do Grupo Escolar para o Ginásio. só se fazia depois de você ser aprovado em um exame de Admissão (assim como são os vestibulares de hoje). Os tempos não eram fáceis para nossos pais e quem não passava no exame entrava logo para o mercado de trabalho. Apenas poucos conseguiam estudar além do Grupo Escolar.
Tem uma professora aqui do Salles, que diz que filho de pobre que estudava naquela época, era porque a mãe era teimosa. Concordo com ela e digo mais, as mães sempre foram mais teimosas e corajosas do que os pais. Os homens que me perdoem, mas essa é uma verdade, não é?
O Salles oferecia tantas disciplinas que a gente ficava bem apertado para estudar: Português, Matemática, Francês, Desenho Geométrico, Canto Orfeônico, Educação Física (no horário contrário), Artes Manuais (meninos e meninas em aulas separadas), História, Geografia, Latim, Inglês e Ciências.
Sempre fui muito estudiosa e minha mãe não dava moleza. Tirei minha primeira e única nota vermelha de Desenho Geométrico e levei uma surra de cinto da minha mãe para nunca mais tirar nota baixa.

Confesso que até hoje, quando faço algum curso ainda sou bem exigente com minhas notas, sou aquilo que vocês chamam de "NERD".
Vocês devem estar me achando bem
"babaca", mas foi essa "babaquice" que me deu um futuro: vida decente, família unida,casa para morar, carro para andar e liberdade de viajar e passear.
Foi nessa escola que me formei professora e saí para fazer uma faculdade e trabalhar aos 17 anos. Bons Tempos... saíamos sabendo trabalhar e havia emprego para todos que procurassem.
Até outro dia com mais detalhes do "meu caso de amor" com o Salles. Teve muita festa, passeios e até suspensão... MARTA.


Retirado do Blog do Salles Júnior:

terça-feira, 15 de março de 2011

CAUSO DE UM DOURADENSE NA REVOLUÇÃO DE 1932.



          ANTONIO BUENO, conhecido por NITO, nascido em Rio Claro, mas, douradense de coração, que na época era ferroviário da Cia. Estrada de Ferro do Dourado, foi como voluntário , participar da revolução constitucionalista de 32, por São Paulo, integrando o Batalhão Raposo Tavares, partindo de Campinas até a divisa com o estado de Minas Gerais. Contava ele que em certa ocasião, o batalhão estava acampado, já em território mineiro, sendo que ele estava escalado como sentinela, posicionando-se estrategicamente sobre um alto barranco, de onde se avistava, abaixo, uma pequena estrada de terra batida. Dizia ele, que estava com medo, pois haviam boatos estarrecedores, tais como : os mineiros seriam traiçoeiros e viriam se arrastando pelo chão, trazendo "peixeiras"na boca e que atacariam os sentinelas pelas costas, degolando-os, etc.. Era uma noite fria e ventava muito, haviam aproximadamente 2.000 homens acampados no local, sob o comando de um coronel conhecido por Leão. Nito Bueno estava armado com um pesado fuzil, que trazia no ponta do cano uma baioneta. Já em alta madrugada Nito observou um vulto que se aproximava, na curva da estrada e gritou: quem vem lá? Ninguém respondeu e o vulto vinha se aproximando... Quem vem lá ? gritou novamente... silêncio...Após gritar pela terceira vez e não haver resposta e continuar se aproximando, Nito disparou um tiro em direção ao referido vulto. Imaginem a confusão que se formou, corriam todos, como formigas para todo lado. Logo depois, uma patrulha foi até o local, onde constataram que Nito havia atingido....uma égua. No dia seguinte, bem cedo, apareceu no acampamento um pobre caboclo, chorando, dizendo que haviam matado sua égua. Bom, para encurtar a estória ( na realidade a história, pois o caso foi verdadeiro), o Coronel Leão deu ao caboclo um dos cavalos de raça que compunham o batalhão e o coitado do Nito, foi ajudar o cozinheiro durante uma semana, descascando cebolas, batatas, etc...
Milton A. Bueno (Nenê)





Ver também:







Uma teia de vaga lumes. (Kate Agnelli)


Façamos uma teia de vaga- lumes, sim vaga-lumes-idéias, luzes emergentes da floresta brasileira, de um país também emergente, que começa a incomodar.
Luzes que só o povo que vive no mato conhece bem.
Luzes que tecem a rede dos sonhos... Coisa nossa.
Quem já os viu numa noite escura sabe o poder de encantamento que eles possuem.

Então podemos nos tornar magos em nosso país e que essa magia contagie a todos aqueles que sentem e que pensam.
Pequenas idéias brilhantes para trazer o brilho das estrelas para o nosso chão...
Na escuridão da desesperança, algumas coisas simples e pequenas como os vagalumes-idéias podem ser feitas. Formar uma teia de e-mails e enviar todos os dias aos nossos dirigentes reivindicando as promessas feitas, já é um começo!

Atirar a teia em cima deles, quem sabe o brilho dos pequeninos nódulos- idéias possam iluminá-los, agarrá-los, incomodá-los, enfeitiçá-los para que tenham a noção que a vida pode ter outros paradigmas...

Cada pessoa possuidora de um computador é um vaga-lume em potencial, uma luzinha a mais para concluir a mágica da mudança.

Somos uma gente que tem suas raízes na floresta encantada que o mundo dos ricos tanto deseja, mas ela é nossa! Basta querer mudar. Acreditar.

Um brilhando aqui, outro lá, vamos acendendo e tecendo uma fina teia de encantamento. Nós somos os magos internautas transformadores de chumbo em ouro...

Pequenas luzes vindas do coração interiorano.

Mas felizmente há muita gente boa trabalhando, os vaga-lumes da terra que continuam tecendo a teia de luz de boas idéias, de conhecimento. Está em nossas mãos, ou melhor, nos nossos dedos, o poder da magia...

Se cada um olhar para seu bairro, para sua cidade, certamente encontrará alguma coisa que se pode mudar para uma melhor qualidade de vida.

Precisamos urgentemente sermos “nós”, não mais apenas “eu”.
Compartilhar, esquecer velhos paradigmas, rótulos e títulos.

Precisamos ter a consciência e a coragem de brilhar, de sermos estrelas, de iluminar nosso chão, nossa terra-mãe de onde brota a nossa vida. “O que está acima, está embaixo”...

Vaga-lumes dos sertões...
Brasil, que é muito mais interior que orla marítima.

Nossa teia feita do mais fino nhanduty de vagalumes-mentes, faremos dessa magia o esteio, que há muito já sustenta nossa “Terra Brasilis”...


Ver também:


Blog de Dourado. (Menu)


Personalidades Douradenses.


O Turismo em Dourado.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Causo do papagaio que foi preso.


O menino do Nhô Juca achou um filhote de papagaio no chão perto do coqueiro. Estava órfão. O gavião havia atacado a mãe. O bichinho indefeso ainda sem penas precisava de cuidados. Levou- o para casa. Tratou com papa, ensinou as primeiras palavras. Colocou o nome de Mulata.

Quando aprendeu a voar seguia seu dono para todo lugar. Adorava estar no meio da molecada. Gritava junto. Nas brincadeiras voava por cima, fazendo algazarra, parecia gente. Todo santo dia Mulata esperava Juquinha sair da escola e vinha voando por cima de sua cabeça gritando. Chamava toda a família pelo nome.

Cantava o Hino Nacional. Aprendeu até a prender os porcos que saíam do chiqueiro. Certa vez, ninguém tinha visto, mas os porcos escavaram um buraco na cerca e estavam escapando. Mulata viu, assobiou para o cachorro Dudu. E os dois tocaram todos para dentro de novo, ela voando e batendo as asas em cima das costas dos bichos e ele latindo. Era uma alegria. Parecia gente.

Voava livre por todo lado indo muitas vezes a lugares mais distantes. Como era mansinha parava nas casas das pessoas e ficava fazendo graça. Mas, um nordestino vindo do sertão de Pernambuco, nunca tinha visto coisa igual. Capturou a Mulata. A noite chegou e nada da mulata vir jantar, chama daqui, chama de lá. Pegaram os cavalos para procurar, nada. Foi uma choradeira só. No dia seguinte saíram pelos sítios da vizinhança procurando, perguntando.

Todos os amigos se prontificaram para ajudar. Até que um moleque ouviu falar que o pernambucano tinha um papagaio. Nhô Juca não teve dúvidas deu queixa na polícia. O delegado nunca tinha passado por uma situação igual, mas mandou dois soldados até a casa do nordestino para buscar o papagaio.

Como não tinham onde colocar, puseram num pequeno alçapão, daqueles que os moleques usam para pegar passarinhos. Coitada da Mulata nem podia se mexer. Ainda pra completar jogaram um pano por cima para que ela ficasse quieta. O delegado mandou chamar os implicados na questão.

Primeiro entrou o nordestino
  • Bá tarde Dotô
  • Boa tarde, então o senhor jura que o papagaio é seu?
  • Juro, sim sinhô. Eu peguei o bichinho pequenininho, tratei, agora que tá crescido todo mundo qué, até cortei as asas dele pra não ir pra longe de mim!

O delegado mandou o soldado pegar o papagaio e trazer para perto do nordestino. Quando a ave viu o homem começou a gritar sem parar, desesperada. Tiveram que cobrir com o pano novamente. Em seguida chamaram Nhô Juca e Juquinha. Novamente o delegado fez a mesma pergunta;
  • Muito bem Seu Juca, o senhor diz que o papagaio é seu, mas o outro diz a mesma coisa, e agora?
Nhô Juca coçou a cabeça, pensou e disse;
- Olha dotô, quero vê de perto!
Lá foi o soldado buscar de novo o papagaio coberto com o pano, dentro do alçapão... Ao entrar na sala do delegado o bichinho ouviu a voz de Nhô Juca e de Juquinha, disparou a gritar:
- Paiêeee, tira eu daqui, tira eu daqui. Juquiiiinha!!!!
Quando levantaram o pano a Mulata com os olhos esbugalhados e vermelhos gritava mais ainda;
  • Paiêeee, Paiêeee, Juquiiiiinha!
Juquinha vendo o sofrimento do bichinho, tirou-o do alçapão, ao se ver livre o papagaio exclamou batendo as asas cortadas;

- Arre!!!


O delegado não teve mais dúvidas;
- Pode levar Nhô Juca o papagaio é seu!

Kate Agnelli

Apesar de bem engraçado, o fato, aconteceu mesmo em Dourado, apenas foi substituído os nomes para preservar a imagem das pessoas. Mais uma surpreendente história que Kate Agnelli nos presenteia com sua narração rica em detalhes, assim também como foi em “Os Carneiros e a Estrela” divulgados neste Blog e divididos em sete capítulos. Obrigado Kate por colaborar na preservação e divulgação da memória histórica da cidade de Dourado.


Ver também:

Os Carneiros e a Estrela: